quinta-feira, novembro 30

Reestruturação dos Bombeiros



O dinheiro não dá para mais, é preciso construir o aeroporto da Ota e o TGV ...

II O comentário do dia

“A vida é uma doença sexualmente transmitida, com um prognóstico inexoravelmente fatal.”

(Alfredo Barroso)

quarta-feira, novembro 29

A diferença entre "tu" e "você"

....Vocês sabem a diferença entre o tratamento por tu e por você?
Vocês pensam que sabem, mas vejam abaixo um pequeno exemplo, que ilustra bem a diferença:
O Director Geral de um Banco, estava preocupado com um jovem e brilhante Director, que depois de ter trabalhado durante algum tempo com ele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio-dia.
Então o Director Geral do Banco, chamou um detective e disse-lhe:
- Siga o Director Lopes durante uma semana, durante a hora do almoço.
O detective, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou:
- O Director Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega no seu carro, vai a sua casa almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
Responde o Director Geral:
- Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.

O detective pergunta-lhe:
- Desculpe. Posso tratá-lo por tu?
- "Sim, claro" respondeu o Director surpreendido!
- Então vou repetir:
O Director Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega no teu carro, vai a tua casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.

A língua portuguesa é mesmo fascinante!

(recebido por e-mail)

I O comentário do dia

“Mas o que é um Estado que não consegue garantir a saúde aos doentes, que não consegue cobrar impostos e que não consegue administrar a justiça? É um Estado falido. Como escreveu Cesare Pavese, está morto e não sabe.”

(Miguel Sousa Tavares, Público, 2000-01-07)

O mal não é de agora, já vem de longe, de muito longe …

terça-feira, novembro 28

Cidade azul


“Houve um tempo em que Lisboa me doía como uma pele carbonizada. Nunca foi tão bela como nos dias em que tempesteou o meu inferno. Atordoei a consciência e aprendi a não me lembrar do sorriso de quem me ensinou a amá-la deixando-me depois as mãos cheias de tesouros azuis a apodrecer em frente ao trono de um rei que abdicou.

Não sabia o que fazer nesses dias. A beleza da cidade magoava-me mais ainda por me ter apaixonado pelos dois durante os mesmos passos.

o espanto pardo dos ténis de atacadores estarrecidos perante a metamorfose das cores de Lisboa a trepar-me pelos tornozelos, o castelo bêbedo de gárgulas debruçadas para a praça em vénias inebriantes a escarnecer a morte entranhando-se-me nas rótulas, o crepúsculo transparente e insubmisso a conquistar-me em êxtases de pirata vitorioso, as gaivotas gordas de gritos brancos no gozo da lassidão dos meus braços a descobrirem inesperadamente a frustração das asas inacabadas e as sombras densas de lodo e de maresia a substituírem-me com terna crueldade os cabelos enquanto me alcoolizavam de azul a lucidez

nas calçadas centenárias.

Um dia, muito depois, quando a dor meio adormecida me permitiu voltar a caminhar pelas ruas antigas, compreendi nas marcas do terramoto que éramos ambas filhas da catástrofe e que, tal como a ela, o azul saberia varrer um dia da minha alma o sangue dos membros dissecados do meu amor morto.

Por vezes sinto a vertigem de, como a minha cidade azul, berço e túmulo do meu amor, sobreviver no equilíbrio precário das estacas assentes no lodo escorregadio. Assusto-me na consciência do peso de mil mundos que carrego em cada gesto. Entro em pânico e morro, uma vez mais, nas imagens alucinadas da tragédia, as flores negras que a memória, cedo ou tarde, sempre me oferece. Depois, levanto-me e continuo. Como Lisboa.”

Este texto guardei-o dos tempos em que andava pelos Fóruns do SAPO. Não foi escrito por mim, cada interveniente utilizava uma série de “nicks” de modo que nunca se tinha a certeza de quem era quem. Ou talvez eu saiba, mas isso pouco importa. Não estou a plagiar, nem a roubar direitos editoriais. O texto é capaz de ter alguns 20 anos, mais do que a idade de muitos/as que por aqui andam.
Apeteceu-me publicá-lo agora. Talvez tenha motivos para o fazer…

“Depois, levanto-me e continuo. Como Lisboa.”

segunda-feira, novembro 27

Cantar

Assim, de improviso,
porque o desejo chegou
violento,
sem aviso.

Foste tu
que me deste o alento,
me pediste no momento,
apenas e só um sorriso.


(Foto: Luís Neto)

domingo, novembro 26

O horror económico

Entre Abril e Junho de 1994 foram assassinados no Ruanda mais de 800 mil “tutsis” perante “a terna indiferença do mundo”, como diria Camus. Os EUA e os Europeus fingiam que não viam e a ONU fechava os olhos e assobiava para o ar.
Ninguém sabia onde ficava o Ruanda, sabiam apenas que não tinha diamantes, nem petróleo.
O pretexto (?) teria sido a queda do avião onde seguia o Presidente, de raça “hutu”. Talvez houvesse um Estado ambicionando ver aumentada a sua influência na zona. Talvez ...
Diariamente e durante esses meses os “tutsis” foram perseguidos, caçados e mortos como ratos, pelos seus vizinhos, amigos, companheiros de infância, ou de trabalho, mas com um ponto em comum: eram de raça “hutu”.

O repórter Jean Hatzfeld escreveu “Dans le nu de la vie”, que julgo ter sido editado pela Caminho e que é a narrativa dos sobreviventes “hutu”. Não o li, nem conhecia o livro.
Posteriormente, foi publicado, pelo mesmo autor: “Tempo de catanas” e que é o depoimento do outro lado, dos assassinos “tutsi”.
Calhou a pegar-lhe numa livraria e a ler duas, ou três linhas, aqui e além e larguei-o horrorizado, perante a inconsciência inominável do cometido. É um livro que escorre sangue.
Mandaram-nos matar e eles mataram. Levantavam-se, tomavam um “mata-bicho” (pequeno almoço) forte, à base de espetadas de carne (a fauna selvagem também foi dizimada) e iam para “o seu trabalho” de procurar e matar “tutsis”. À noite regressavam a casa, para junto da mulher e dos filhos.
Presos, esperam que os libertem e não têm a mínima consciência da barbaridade que cometeram.

Este livro fez-me lembrar outro já antigo, que fez a sua época, em sucessivas edições e que julgo ter sido reeditado recentemente numa colecção de bolso: “Escuta, Zé Ninguém!” de Wilhelm Reich, sobre o “nazismo”:

“ ... durante várias décadas, primeiro ingenuamente, mais tarde com espanto, finalmente horrorizado, observou o que o Zé Ninguém da rua “faz a si próprio”; como ele sofre e se revolta, como ele estima os inimigos e assassina os amigos; como ele, onde quer que consiga o Poder como “representante do povo”, abusa desse poder e o transforma em algo de mais cruel que o Poder que ele antes tinha de sofrer às mãos dos sádicos individuos das classes superiores. (...)”

Depois desta longa reflexão e olhando “cá para dentro”, veio-me à lembrança o livro de Viviane Forrester, “L’Horreur Économique”, publicado em França em 1996:

“ É preciso ‘merecer’ viver para se ter direito à vida?” (…) Uma ínfima minoria, já excepcionalmente provida de poderes, de propriedades e de privilégios considerados incontestáveis, assume esse direito por inerência. Quanto ao resto da humanidade, para ‘merecer’ viver, tem de revelar-se ‘útil’ à sociedade, pelo menos ao que a dirige, a domina: a economia confundida como nunca com os negócios, ou seja, a economia de mercado. ‘Útil’ significa quase sempre ‘rendível’, ou proveitosa para o lucro. Numa palavra, ‘empregável’ (‘explorável’ seria de mau gosto!)”

A autora, Viviane Forrester, veio à Gulbenkian em Abril de 1997 (julgo, pois assisti à sua palestra) integrando um Ciclo de Conferencistas de diversos países sobre o “Económico-Social”.

“Descobrimos agora que, para além da exploração dos homens, ainda havia pior e que, perante o facto de já não ser explorável, a multidão de homens considerados supérfluos, cada homem no seio desta multidão pode tremer. Da exploração à exclusão, da exclusão à eliminação …?”

Dez anos se passaram. É possível, é quase certo, que muitos “notáveis” entre nós tenham sido influenciados …

sábado, novembro 25

Diálogo

Ele disse... Que tal uma rapidinha?
Ela disse... E temos outra alternativa?

Ele disse... Não sei porque usas soutien; não tens nada para pôr lá dentro.
Ela disse... Tu usas cuecas, não usas?

Ele disse... É verdade que só me amas por causa da fortuna que o meu pai me deixou?
Ela disse... Não, querido. Eu amar-te-ia de qualquer maneira, independentemente de quem te deixou a fortuna.

Ele disse... Este café não serve nem para um porco!
Ela disse... Não tem problema, já te faço um que serve.

Ela disse... Que ideia é essa de chegar a casa meio bêbado?
Ele disse... A culpa não é minha, acabou-se o dinheiro.

Ele disse... Desde a primeira vez que te vi, quis fazer amor contigo da pior maneira possivel.
Ela disse... Bem... e conseguiste!

Ele disse... Tens peito liso e pêlos nas pernas. Alguma vez te confundiram com um homem?
Ela disse... Não, e a ti?

Ele disse... Porque é que vocês mulheres sempre nos tentam impressionar com o vosso aspecto em vez de com o vosso cérebro?
Ela disse... Porque há mais chances de um homem ser imbecil do que ser cego.

Ele disse... Vamos sair e divertirmo-nos hoje?
Ela disse... Está bem, mas se chegares a casa primeiro do que eu, deixa a luz do corredor ligada.

Ele disse... Porque é que nunca me dizes quando tens um orgasmo?
Ela disse... Eu até dizia, mas nunca estás presente.

sexta-feira, novembro 24

TLEBS

A propósito da polémica da TLEBS não resisto à tentação de vos alertar, como o fizeram a mim, para uma crónica que o DN publica da autoria de Ruben de Carvalho, vereador da Câmara Municipal de Lisboa e jornalista.
Aos que a leram já no jornal, peço desculpa do tempo que lhes tomei, mas a crítica subtil e inteligente fascinou-me:

“Meu, não dá para te passar tudo, mas é uma cena... Como é que t'hei-de dizer, assim uma cena um bocado marada que não dá prá agarrar logo! Tem bué de words novas, tu nem tosgas, eu pelo menos vejo-me à rasca. A profe também anda bimba com a cena, parece que não topa peva, é assim uma cena toda nova. Aquelas gaitas ca gente teve de encornar - os adjectivos, os verbos, essas cenas, 'tás a ver - agora tem tudo outros nomes, bué de compridos e depois cada cena com uma data de nomes.

(…)

A minha esperança é que agora, com o TLEBS (topas? A Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário) isto vai ficar uma curte muito mais fixe e vou ler o Fernando Pessoa.”

(Ruben de Carvalho in Diário de Notícias)

Se ...

Se tentássemos ser mais humildes ...
Se não nos considerássemos como os detentores da verdade absoluta ...
Se não fossemos tão intransigentes ...
Se não escrevêssemos só para nós, mas também para os outros ...
Se respeitássemos as opiniões desses outros ...
Se reconhecêssemos os nossos erros ...

Talvez conseguíssemos desmentir o aforismo:

“homo homini lupus”

quarta-feira, novembro 22

L’étranger



“Qui aimes-tu le mieux, homme énigmatique, dis? Ton père, ta mère, ta soeur ou ton frère ?
- Je n’ai ni père, ni mère, ni soeur, ni frère.
- Tes amis ?
- Vous vous servez là d’une parole dont le sens m’est resté jusqu’à ce jour inconnu.
- Ta patrie ?
- J’ignore sous quelle latitude elle est située.
- La beauté ?
- Je l’aimerais volontiers, déesse et immortelle.
- L’or ?
- Je le hais come vous haïssez Dieu.
- Eh ! qu’aimes-tu donc, extraordinaire étranger ?
- J’aime les nuages ... les nuages qui passent ... là-bas ... là-bas ... les merveilleux nuages ! »

(Charles Baudelaire, « Le spleen de Paris – petits poèmes en prose »)

Adoro este texto de Beaudelaire. Sinto-me como « o estrangeiro », até certo ponto identifico-me com ele, parando na rua só para ver as nuvens.
Não olhamos em volta, maravilhando-nos com tudo o que nos rodeia. Somos demasiado terrenos.

(Foto Peter)

terça-feira, novembro 21

L'important, c'est la rose



Toi qui marches dans le vent
Seul dans la trop grande ville
Avec le cafard tranquille du passant
Toi qu'elle a laissé tomber
Pour courir vers d'autres lunes
Pour courir d'autres fortunes
L'important...

L'important c'est la rose
L'important c'est la rose
L'important c'est la rose
Crois-moi

(…)

Gilbert Bécaud
Paroles: Louis Amade. Musique: Gilbert Bécaud

(Foto do Peter)

E agora a explicação científica, árida e de leitura dispensável:

Por que razão é a rosa cor-de-rosa?

A resposta está na estrutura atómica da matéria que a compõe.


Nós interagimos com o Universo através do jogo da luz e da matéria. Sendo feitos de protões e de electrões, somos seres electromagnéticos que comunicam com o mundo exterior através de ondas electromagnéticas. Uma grande parte da nossa experiência humana provém dos reflexos da luz solar nos objectos que povoam o nosso ambiente e que estimulam as nuvens de electrões presentes nas cadeias de proteinas do interior da retina dos nossos olhos.

Como todos sabemos a luz branca é uma amálgama de cores, que vão do vermelho ao violeta. A rosa absorve o azul e o violeta, e apenas reflecte o vermelho, que se mistura com o branco e dá o cor-de-rosa.
Porquê esta preferência pelo azul e o violeta?
Por causa da disposição das órbitas dos electrões nos átomos e moléculas que compõem a rosa.
Como se sabe, para que um átomo ou uma molécula absorva luz, o electrão tem de dar um salto quântico, de uma órbita de baixa energia, próxima do núcleo do átomo, para outra de maior energia e mais afastada do núcleo, sendo a energia (ou a cor ) da luz absorvida precisamente igual à diferença de energia entre estes dois níveis. Ora acontece que certas órbitas de electrões dos átomos da rosa estão dispostos de tal maneira que as suas diferenças de energia correspondem exactamente à energia das cores azul e violeta. Por isso são elas as absorvidas.
Em contrapartida, não existem órbitas cuja diferença de energia corresponda à energia da cor vermelha. Por isso esta não é absorvida e, reflectida, vem estimular a nossa retina.

Maravilhoso? Pequenos mistérios que sempre me fascinaram e que, a pouco e pouco, vou tentando perceber.

segunda-feira, novembro 20

Do aparecimento da vida na Terra

Li por aí algures que:

“De tudo o que escrevi da minha autoria, uma só certeza preside à minha maneira de pensar, não existe criação.”

Cada um é livre de pensar o que quiser e de ter certezas, eu cada vez tenho menos. Mas voltando à frase acima transcrita, depende do que se entende por “Criação” e admira-me a “certeza”, quando releio o cientista Hubert Reeves:
“O mais extraordinário aos olhos da física contemporânea não é tanto que, por “razões químicas”, a vida tenha aparecido na Terra, mas mais que ela “tenha podido” aparecer na Terra (ou noutro sítio). É o facto de os electrões e os quarks da papa inicial de há 15.000 milhões de anos terem tido as propriedades necessárias para se poderem associar em proteínas e em cadeias de nucleótidos. É o facto de haver “razões químicas” capazes de dar origem à vida e de lhe permitir continuar a desenvolver-se.” (Hubert Reeves, “Aves, maravilhosas aves – Os diálogos do céu e da vida”, Gradiva, 1ª ed Janeiro 2000, p. 223)

Claro que não é a Criação com o “Adão e Eva, a serpente e a maçã”, mas se, até certo ponto, a existência dessas “propriedades” (se por acaso existiam) pode ser ou não considerada como “criação”?

O que eu procuro incessantemente e nunca encontrei resposta e sempre tenho lido que não existe, é uma definição suficientemente abrangente de VIDA, pelo menos aplicada aqui na Terra.

Qualquer de nós distingue o “vivo” do “não vivo”, mas porquê? Admite-se em geral que um organismo vivo é um sistema capaz de assegurar a sua própria conservação, de se gerir e de se reproduzir.

Então como uma mula não se reproduz, não é um ser vivo, porque, se faltar uma destas propriedades, já não é um “vivente”, segundo o ponto de vista dos cientistas, do mesmo modo que um cristal não vive, reproduz-se, mas não fabrica energia.

E um vírus vive? Bem, aí torneiam o problema e dizem que “está na fronteira”. É uma espécie de parasita que tem necessidade da vida para se reproduzir. Utiliza a célula como uma máquina de fotocopiar. Pensa-se hoje que os vírus são estruturas hiper-aperfeiçoadas, os descendentes das células que teriam evoluído, desembaraçando-se do estorvo do material reprodutor para se reduzirem à sua mais simples expressão e atingirem uma maior eficiência. Elas, as células ter-se-iam simplificado para chegarem ao seu mínimo vital.

Também, quando se escreve:

“A resposta está dada. A Vida ao que tudo indica originou-se na água.”

Sim, mas não nos oceanos primitivos. Em Ciência não há “respostas dadas”. Eu sigo a hipótese de Joel de Rosnay*, o qual defende que a vida não apareceu nos oceanos, como durante muito tempo se acreditou, mas muito provavelmente em lagoas e pântanos, locais secos e quentes durante o dia, frios e húmidos de noite, que secam e em seguida voltam outra vez a ser húmidos. Nestes meios há quartzo e argila, nos quais as longas cadeias de moléculas vão ficar cativas, podendo associar-se umas com as outras. Experiências recentes (posteriores aos trabalhos dos anos 30, dos investigadores Alexandre Oparine e John Haldane) confirmaram a presença nas argilas das "bases", que se teriam associado espontaneamente em pequenas cadeias de ácidos nucleicos, formas simplificadas do ADN, futuro suporte da informação genética.
Os átomos da argila que perderam electrões, ou que os possuiam a mais, atraem a matéria à sua volta e incitam-na a reagir. Os famosos "oligoelementos" (micro nutrientes) da actualidade são, de resto, o resultado da evolução desses pequenos iões.É graças a eles, que actuam como catalisadores ajudando as reacções químicas, que as associações da matéria podem prosseguir.

Das proteínas compostas de ácidos aminados, que se encontram nas lagunas, algumas gostam da água, outras não. Que fazem então as proteínas? Enovelam-se, enroscam-se de modo que a parte exterior das primeiras fica em contacto com a água, enquanto o interior, composto pelas segundas, fica isolado dela. De certo modo, fecham-se sobre si próprias. Outras cadeias formam membranas e assim surgem glóbulos pré-vivos, que aparecem nos oceanos primitivos a boiar como gotas de azeite.

A aparição destes glóbulos é um fenómeno fundamental. Pela primeira vez na “nossa” história aparece uma "coisa" que se fecha sobre si, que tem um interior e um exterior. É esse interior que irá presidir à continuação da evolução dos pequenos glóbulos, até ao nascimento da vida e mais tarde da consciência.

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• Joel de Rosnay é sem dúvida uma das pessoas melhor habilitadas a dar-nos uma resposta. Doutor em Ciências, antigo director do Instituto Pasteur e hoje director na Cidade das Ciências e Indústria, em Paris, foi um dos primeiros a fazer a síntese dos nossos conhecimentos sobre as origens da vida numa obra que marcou uma geração.

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sábado, novembro 18

A ignorância

Até que ponto um certo amor pelo espaço não revelará, afinal, uma incompreensão muito grande desse mesmo espaço? Porque a Terra não está fora do Universo, nem o Sol, nem a Via Láctea. Assim, se eu pensar em mim enquanto ser humano, poderei sentir-me preso à Terra embora deseje ansiosamente sair, voar, conhecer outros espaços; mas se pensar em mim enquanto matéria pensante, e isso é sobretudo aquilo que sou, compreendo que não preciso fazer viagem nenhuma, que a viagem mais longínqua é a que faz a estrela que a Terra persegue incessantemente.
Eu vivo numa imensa nave redonda e já viajo no espaço e no tempo; na verdade, se penso um pouco, compreendo que nunca fiz outra coisa senão desejar conhecer outros mundos.
Mas Universo com vida é aqui. Pode haver mais, haverá certamente mais – “...seria um enorme desperdício de espaço se não houvesse...” -, mas a Terra deve dar-me, enquanto não me for possível viajar no Cosmo, tudo aquilo que me é necessário, todas as fontes de deslumbramento e de encanto possíveis – se a Terra não me der tudo isso, estou certo que nenhum outro mundo me dará. A Terra é o dia único que contém todos os dias, a noite única que contém todas as estrelas, o pequeno mundo onde encontro todos os grandes mundos, o meu hoje que contém todos os ontens e todos os amanhãs, o instante onde encontro o infinito e a eternidade.

”o terror de se ser corpo, de se existir sob a forma de um corpo” (Milan Kundera, “A ignorância”)

Este sentimento leva-me a uma série de reflexões:

- O que me liga a Andrómeda para eu gostar tanto dela? Que sentir profundo é este que me relaciona com essa Nebulosa? O que nos une? Serão os elementos dos átomos que compõem o meu corpo, prioritariamente dali?

- E este corpo que se perpetua através dos meus átomos, integrando outros organismos, num “eterno retorno”? Será possível dissociá-lo do “espírito”, do meu “sentir”, que é “luz” e “vibração”? E seria esta componente espiritual, imortal, que se perpetuaria através de todos os Universos possíveis? A nova “teoria das cordas” que pretende substituir os elementos pontuais e ínfimos da matéria por pequenos segmentos que vibram e é esse vibrar que os caracteriza e lhes confere as suas propriedades, que nos diz? “Vibração”? Sim, pois todo o electrão é simultaneamente “corpúsculo” e “onda”, “onda=vibração”?

- E quando me lembro do “filme-mito”, “2001-Odisseia no espaço”, o que vou encontrar senão “luz” e “música” (vibração)? Será que haverá seres que são só luz?

No livro acima os personagens têm vida própria e é assim que actuam. Movimentam-se livremente como indivíduos e as relações que se estabelecem são procuradas, no interesse de quem as procura, mas sem que com isso se entenda uma relação de dependência, antes de complementaridade.

Que me leva a “postar” novamente, se já o fiz hoje?
Não estou sujeito a horário, nem a nenhuma obrigação de o fazer ou deixar de fazer. Estava para aqui a olhar o ecrã em branco...

Descoberta de 16 candidatos a planetas extra-solares

Com o auxílio do Hubble, os astrónomos detectaram 16 candidatos a planetas extra-solares em órbita de várias estrelas, localizadas a grandes distâncias no interior da Via Láctea.
Deles, 5 representam um novo tipo designado por “Planetas de Período Ultra-Curto” (PPUC), porque completam uma órbita em torno das suas estrelas em menos de um dia, sendo de 10 horas o período orbital mais pequeno detectado.
A descoberta destes planetas com um período orbital muito diminuto foi uma surpresa e leva a admitir que os planetas são tão abundantes noutras partes da Via Láctea como o são na vizinhança do Sistema Solar.

Os astrónomos utilizaram um dos instrumentos do Hubble, de modo a medir a ligeira alteração da luminosidade de uma estrela, resultante da passagem de um planeta à frente desta, evento este designado por “trânsito”. Mas mesmo nestas condições, o planeta em questão tem de ter uma massa aproximada à de Júpiter para que a variação da luminosidade da estrela seja suficiente para ser detectada (1 a 10%).
Os 16 planetas descobertos, são designados por “candidatos” devido ao facto de os astrónomos só terem conseguido até ao momento medir a massa de dois deles.



O “planeta candidato” com o período orbital mais curto (10 horas), designado por SWEEPS-10, encontra-se a uma distância da sua estrela de cerca de 1,2 milhões de quilómetros (sensivelmente 3 vezes a distância Terra-Lua). Este objecto é um dos planetas mais quentes encontrados até hoje, estimando-se que a sua temperatura seja de 1650 graus Celsius e devido à proximidade da sua estrela anfitriã, terá de ter pelo menos 1,6 vezes a massa de Júpiter ou a força gravitacional da estrela faria com que se desfizesse.

Os PPUC, estão localizados preferencialmente em torno de estrelas mais pequenas e frias que o Sol, tais como as “anãs vermelhas”, o que explica o facto de um planeta poder existir numa órbita tão próxima de uma estrela. A temperatura baixa destas estrelas permite que isto aconteça e o facto de os “candidatos” orbitarem estrelas com uma grande abundância de elementos mais pesados que o Hélio e o Hidrogénio, tal como o Carbono, leva a pensar que as ricas em elementos pesados possuem os ingredientes necessários para a formação de planetas.

A equipa responsável pela descoberta destes objectos conseguiu, como se disse atrás, medir a massa de dois dos “candidatos”:
- um tem 3,8 vezes a massa de Júpiter, enquanto o outro possui 9,7 vezes a sua massa. Este último valor encontra-se bem abaixo da massa limite (13 vezes a massa de Júpiter) que separa um planeta de um outro tipo de astros designados por “anãs castanhas”, objectos sub-estelares que se formam como as estrelas, embora não brilhem por acção da fusão nuclear.

- Base de apoio: ASTRONOVAS (OAL)

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sexta-feira, novembro 17

Esta LISBOA que eu amo


Tirei esta foto ontem e coloquei-a como "fundo do ambiente de trabalho".

Bom fim de semana para todos,

Peter

Fases do ensino em Portugal

1ª fase (antes de 1974)
O aluno ao matricular-se ficava automaticamente chumbado. Teria de provar o contrário ao professor.

2ª fase (até 1992)
O aluno ao matricular-se arriscava-se a passar. "Conheci um tipo que se matriculou numa FAC mas que, por motivos pessoais, não a pôde frequentar. No ano seguinte, já com os problemas resolvidos, voltou lá para se matricular no 1º ano. Responderam-lhe que devia estar enganado, pois a matrícula era no 2º ano e não no 1º. Claro que ele aproveitou."

3ª fase (actual)
O aluno ao matricular-se já transitou automaticamente de ano, salvo casos muito excepcionais e devidamente documentados pelo professor, que terá de incluir no processo, obrigatoriamente um "curriculum vitae" extremamente detalhado do aluno e nalguns casos da própria família.

4ª fase ( em vigor a partir de 2007):
O professor está proibido de chumbar o aluno; nesta fase quem é avaliado é o próprio professor, pelo aluno e respectiva família, correndo o risco quase certo de chumbar...

Apetece acrescentar uma 5ª fase:
Os alunos que saibam escrever o seu nome sem erros, nem precisam matricular-se. Têm acesso directo ao Conselho de Ministros como consultores privados do 1º Ministro, equiparados a Chefe de Gabinete, com direito a subsídio de almoço e de transporte.

(recebido por E-mail)

Eu corrijo, pelo que a anterior poderá ser a 6ª Fase:

A 5ª fase
Como os profs passarão a “colaborar na manutenção das escolas”, será com os ditos a varrerem e lavarem o chão e numa fase posterior a executarem trabalhos de pedreiros, carpinteiros, canalizadores etc, que mais valia que tivessem enveredado por aí, pois com os biscates que estes técnicos fazem por fora, e não os há, ganham muito mais que os professores.

O exemplo entre aspas da 2ª Fase, também foi escrito por mim.

quinta-feira, novembro 16

Gestão de resultados

Numa cidade do interior, viviam duas mulheres que tinham o mesmo nome: Flávia.
Uma era freira e a outra, taxista. Quis o destino, que morressem no mesmo dia.
No Céu, São Pedro esperava-as .
- O teu nome?
- Flávia
- A freira?
- Não, a taxista.
São Pedro consulta as suas notas e diz:
- Bem, ganhaste o Paraíso. Leva esta túnica com "fios de ouro" e podes entrar.
A seguir...
- O teu nome?
- Flávia
- A freira?
- Sim, eu mesma.
- Bem, ganhaste o Paraíso. Leva esta túnica de "linho". e podes entrar.
A religiosa diz:
- Desculpe, mas deve haver algum engano. Eu sou Flávia, a freira!
- Sim, minha filha, e ganhaste o Paraíso. Leva esta túnica de linho...
- Não pode ser! Eu conheço a outra, Senhor. Era taxista, vivia na minha cidade e era um desastre! Subia as calçadas, batia com o carro todos os dias, conduzia pessimamente e assustava as pessoas. Nunca mudou, apesar das multas e repreensões policiais. E quanto a mim, passei 65 anos pregando todos os domingos na paróquia.. Como é que ela recebe a túnica com fios de ouro e eu esta?
- Não há nenhum engano - diz São Pedro. É que, aqui, adoptamos uma gestão mais profissional do que a de vocês lá na Terra...
- Não entendo!
- Eu explico:
- Já ouviu falar de GESTÃO DE RESULTADOS? Pois bem, agora orientamo-nos por objectivos, e observámos que nos últimos anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas dormiam e cada vez que ela conduzia o táxi, as pessoas rezavam!
-Os resultados é que importam!

(recebida por e-mail)

quarta-feira, novembro 15

Mas que sei eu



Mas que sei eu das folhas no Outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?

Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono.

Nenhum súbito súbdito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha

qualquer. Mas eu que sei destas manhãs?
As coisas vêm e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha.

Ruy Belo

(Foto do Peter)

terça-feira, novembro 14

Licença para matar


Não, não é o 007, nem são os dois zeros que lhe dão esse direito. é o indivíduo a quem, muitas vezes indevidamente, metem uma carta de condução nas mãos.
Moro nos Olivais e todas as noites há corridas na Av Dr Bem-Saúde (vulgo RALIS) que acordam os que moram na parte Norte do Bairro, até que algum polícia se decide a aparecer. Mas não há problema, pois são todos pilotos experimentadíssimos. Aqui há tempos, ali para Setúbal, ou Sesimbra, mataram uns quantos espectadores, mas que diabo, quem é que os mandou irem lá meter o nariz.
Não sei o que aconteceu ao condutor, ou condutores. Possivelmente nada. Houve logo um choradinho dos media, pois se os condutores até eram bom rapazes que tinham andado a poupar dinheiro, com imenso sacrifício, para artilharem os bólides.

Horror, é como classifico o que aconteceu em Olivais Sul. Dois indivíduos, conduzindo carros da firma (claro) em despique a alta velocidade, esmagam um casal, perante o olhar horrorizado das duas filhas.
O condutor, aguarda comodamente em casa o resultado das análises. Os seguros não pagarão nada se ficar provada a existência de um elevado teor de álcool no sangue do condutor, o processo arrasta-se pelos tribunais e acaba por ser arquivado, ou vem aí o Papa e o homem é amnistiado.
Mas que Justiça é esta, ou melhor, que legislação é esta? Parece que a velocidade máxima aqui no Bairro passará a ser de 30km/h. "Passará", mas quando? Quando se derem mais uns quantos casos como este?
E mesmo que a velocidade passe a ser essa, isso resolve alguma coisa? As nossas leis nem sequer valem o papel em que são escritas. Qualquer lei, para ser eficaz, pressupõe a existência de mecanismos coercivos para a fazerem cumprir.
Ora, ora, sabemos todos como é ...

Hoje de manhã, na Av Gago Coutinho, um tipo ultrapassa-me pela direita a toda a velocidade e foi cair nos braços da Polícia que o esperava mais à frente.

Fiquei satisfeito, palavra que fiquei satisfeito. Lembrei-me das duas meninas que tinham ficado órfãs.

segunda-feira, novembro 13

"Divagando" por HELOISA

É com o maior prazer (e surpresa, pois só agora tomei conhecimento) que comunico a existência do livro realizado pela nossa muito querida comentadora e amiga, Heloísa.



Mais pormenores sobre esta publicação podem ser obtidos através do blogues:

Grupo Autores Língua Portuguesa
e
Heloísa conversando com as palavras

PARABÉNS ! ! !

Outono...














































Ah o sol de Outono,
o fogo no limite do horizonte
o calor a luz fim de dia

Estes domingos,
o entardecer junto ao mar
ardente...

domingo, novembro 12

Conversas com a “bluegift”

Continuo a fazer “arqueologia” de arquivos. É mau? É bom?
Para mim é bom, não só por estar a reviver conversas passadas há anos e que abordam temas de que gosto, como por estar a acontecer uma coisa extraordinária: o número de visitantes diários aumentou em 50%. Não de comentadores, mas desde as 00h00 até às 24h00 de Sábado tivemos exactamente 103 visitantes.

Passemos então à conversa:

Bluegift:

É incrível como o "absurdo" pode ser explicado de forma tão simples...

O que é que pensas da ideia da "realidade virtual" como possível "realidade universal" e não só "virtual"? No fundo, tudo o que é é-o porque eu o sinto como tal, a partir de uma interacção atómica (em frequência de onda... diferenciada) com outros átomos. Eu "toco" algo porque esse algo me toca a mim também, pois de outra forma eu não o sentiria... daí ao virtual... vai um passo? Não sei se estou a ser suficientemente clara... o que pensas????...

Peter:

A questão é:

- “realidade virtual” como possível “realidade universal”?

A Ciência Ocidental nasceu dominada pelo preconceito metafísico de uma realidade sólida. Talvez por isso, Bohr e Schrödinger , porque viam no pensamento oriental a possibilidade de se livrarem de numerosos paradoxos da mecânica quântica, quando apreendida segundo o ponto de vista ocidental, pugnaram pela unidade de pensamento entre a ciência ocidental e o pensamento filosófico do Oriente.
Segundo Bohr: a noção de “objecto” está subordinada à de “medida” e, por isso, à de “acontecimento”.
Ao fim e ao cabo, é a opinião do budismo “que afirma que a realidade é sempre determinada pela interacção do observador e do observado.” A “complementaridade” entre o “todo” e as “partes” faz com que seja ora o aspecto “parte”, ora o aspecto “total” (global) a revelar-se.
O observador nada mais faz do que isolar um certo espectro de aspectos que não têm outra realidade senão a de uma interacção particular entre a observação e a globalidade, isto é entre uma consciência e o conjunto de que ela faz parte. “Aquilo a que chamamos realidade é, por isso, apenas um certo “olha da consciência.”
Para o Budismo não existe realidade “independente”, mesmo oculta, tal como Bohr afirma que os objectos atómicos e subatómicos não possuem qualquer atributo que lhes seja próprio e para Heisemberg, em mecânica quântica, a noção de “trajectória” nem sequer existe.

Deste modo, a mecânica quântica relativiza radicalmente a noção de “objecto”, subordinando-a à de “acontecimento” que é “precisamente a medida feita pelo instrumento”. Os objectos atómicos e subatómicos formam com os instrumentos de observação um “todo indivisível”. O objectivo da física já não é a explicação da realidade em si, mas da ”experiência humana comunicável”, isto é, das observações e medidas.

Não sou budista, nem percebo nada de Budismo, assim como não percebo nada de Mecânica Quântica. Aliás ninguém percebe. Sabem o que acontece, mas não porque acontece ...

Aquilo que escrevi acima foi compilado de leituras várias, por isso não reivindico a sua autoria. Também não o pus entre”” por não ser uma transcrição integral.

Não gosto de falar nestes assuntos porque corro sempre o risco de “estar a
ensinar o Padre Nosso ao vigário”. E até se calhar nem respondi ao que querias. Mas esforcei-me, lá isso esforcei.

Não deu foi para mais.

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sábado, novembro 11

A propósito do Big Bang

O texto abaixo foi escrito pela "bluegift", amiga de longa data e colaboradora desde o início dos blogs da série "conversasdexaxa" e já vamos no IV ...
É um texto que contesta o Big Bang mas que eu aceito plenamente, porque ela fala a mesma linguagem do que eu. Não é uma transcrição integral, mas a “Blue” não vai levar a mal pois vou manter o essencial do que ela escreveu:

”As teorias relacionadas com o “estado estacionário”, defendidas por Fred Hoyle (o nome mais prestigiado) não estão tão ultrapassadas quanto isso. Mas tal não significa que eu esteja de pleno acordo com as mesmas, intuitivamente falando, claro. E vamos a isto:

1. O estudo do comportamento dos Quasars parece constitui uma das provas mais ameaçadoras do BB, uma vez que se encontram relacionados com as explosões (muito incómodas para os matemáticos que procuram a "teoria de tudo") que "ainda" ocorrem nos centros das galáxias, tal como nos primeiros tempos do BB.
Parece haver galáxias ainda em formação no Universo. Afinal não existiu um BB único, ainda existem muitos BB's... daí, talvez, o efeito de "expansão" uniforme ... hmmm...

2. O fundo de micro-ondas deveria ser dez a mil vezes mais intenso do que aquilo que se consegue detectar actualmente. O BB apoia-se "demasiado " na já sobejamente aqui falada "curva de Plank" (ver figura) na sua demonstração da tal radiação de fundo e micro-ondas, simplesmente porque foi possível exemplificá-la matematicamente. O resto é bem mais difícil de matematizar, até ao momento...

3. Quando uma bomba explode, são lançados fragmentos para o circundante (neste caso não há... mas está bem... expande... hmmm... ) que se movem tendencialmente de modo uniforme.
Ora, na Física, o movimento uniforme (não tem oposição não é? ou o fotógrafo estava lá???) é inerte. Só se os fragmentos da "bomba" chocam num alvo (ou atrito) é que algo acontece. Ou seja, em vez de espalhar matéria, o BB juntou matéria formando as galáxias. O que seria de aceitar numa teoria que contemplasse pequenos BB's tal como acontece com a Estacionária. No fim da explosão seria suposto (segundo as leis actuais da Física) que o Universo ficasse estático. Ora, ele encontra-se em constante actividade e não é uniforme, nem contínuo. Pois...
Estarão as leis actuais da Física erradas ? É possível, simplesmente a diferença entre o que está errado e o que está certo, parece demasiado "conveniente"...

4. A energia libertada por um único BB encontra-se bem abaixo dos níveis actualmente detectados, o que diminui em muito o suposto "eco" do BB. De onde vem então a "força" que mantém a actividade?

5. Segundo o BB esta energia poderia provir de neutrinos bastante energéticos, só que não se conseguiu ainda provar que os neutrinos dispõem de massa suficiente para a relevância da energia astronómica que o BB lhes pretende dar...

Não sei onde ficaremos no meio disto tudo, mas quer-me parecer que o efeito mais extraordinário e de impacto mediático causado pela defesa de teorias tipo BB e Inflacionária, poderá eventualmente justificar a relevância e as verbas conseguidas para a sua defesa. O pessoal adora Boomms n'est ce pas? está bem, estou a ser mázinha...

Parece-me também que a procura da tal "Teoria de Tudo" com a explicação matemática dos acontecimentos, torna muito mais fácil a aceitação de um único Bang, bem mais facilmente traduzível (matematicamente falando, mas não fisicamente falando), do que montes de BB's.

Será que mais uma vez a Ciência se lança no efeito prático e dominante, adicionando o mais rentável, mediaticamente falando? (eh pá! já viste?! g'anda explosão...)

Por outro lado, é sabido que existem mais do que três dimensões no espaço, já se tendo "detectado" mais de vinte, o que torna plausível uma alteração significativa das leis da ciência para além de certos limites da "influência terrestre" (se bem que já na quântica a influência seja mínima, mas ainda muito inexplorada para levar a conclusões mais seguras, a NASA está 1º...)

Parece-me (mais uma vez...) que ainda há muito por explicar. E, francamente, não pensem que é pretensiosismo porque não é, eu procurei acreditar... (eh eh eh... )

Confesso tb que tudo o que é maioria me põe de pé atrás.
Não vou muito em sensacionalismos e a teoria do Big Bang único parece um. Não "pega", tipo Paulo Coelho, apesar de ser a predominante.
Manias das minorias .. .”

Bluegift

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sexta-feira, novembro 10

Passado, Presente e Futuro

"Só o passado verdadeiramente nos pertence
O presente... O presente não existe:
Le moment où je parle est déjà loin de moi.
O futuro diz o povo que a Deus pertence.
A Deus... Ora, adeus!"

(Manuel Bandeira )

quarta-feira, novembro 8

... No words... que é como quem diz... olha...











... e pronto...
Nada de mais, só o pulsar possível.
Onde?
Guess...

Rare Earth: Why Complex Life Is Uncommon in the Universe

Em 2000 foi publicado pela editora Copernicus, Spinger – Verlag New York, Inc, - 175 Fifth Avenue – New York, NY 10010, o livro em epígrafe e que por ir de encontro ao difundido na época de 90 por Carl Sagan, levantou grande celeuma e continua a merecer a atenção dos homens de ciência.

Não sendo homem de ciência, mas um simples curioso, acabei por manda vir o mesmo, uma vez que não existe edição em português. É um livro encadernado, de 333 pp e os autores são dois cientistas norte-americanos, Peter D. Ward e Donald Brownlee, ambos professores da Universidade do Estado de Washington, em Seattle. O paleontólogo Ward é professor de Ciências Geológicas e especialista em extinções massivas. Brownlee é professor de Astronomia, liderou a missão Stardust (Poeira de Estrelas) da NASA, e é especializado no estudo das origens de sistemas solares, de cometas e meteoritos. É membro da Academia Nacional de Ciências.

Convencidos que a vida no Universo é menos disseminada do que se supõe, resolveram explicar o porquê. Com franqueza admitem: “Não podemos provar” que a vida seja rara no Universo. “Prova é algo raro em ciência. Os nossos argumentos são “ post hoc”, no seguinte sentido: examinamos a história terrestre e procuramos chegar a generalizações a partir daquilo que vimos aqui” (op. cit. p. IX).

“Aquilo que tem sido qualificado de « Princípio de Mediocridade» — a ideia de que a Terra é apenas uma entre miríades de mundos semelhantes que contêm vida — merece um contraponto. Daí a razão do nosso livro” (pp. IX-X). Talvez, apesar das incontáveis estrelas, nós sejamos os únicos seres vivos ou, pelo menos, estejamos entre os poucos escolhidos.”

“Isso é crível?” — perguntam os autores. A equação de Drake, prosseguem, “supõe que uma vez que a vida exista num planeta, ela evolui cada vez mais rumo a maior complexidade, culminando, em muitos planetas, no desenvolvimento da cultura” (p. XIV).”

1 - Características indispensáveis para a vida, especialíssimas no nosso planeta

Ao longo do livro enumeram características próprias do nosso sistema solar e planetário, bem como da própria Terra, favoráveis ao surgimento e manutenção da vida, e que dificilmente se repetiriam no Universo. De entre essas características, destacam:

- “O nosso planeta tem um tamanho adequado, uma composição química e uma distância do Sol conveniente para permitir o aparecimento da vida” (p. XXII), bem como água em quantidade no estado líquido. Se a Terra estivesse 5% mais próxima do Sol, “teria continuamente ‘efeito de estufa’” e o homem não poderia sobreviver; e se estivesse 15% mais distante, “teria continuamente glaciação” e igualmente o homem não suportaria. “Ambos os factores são considerados irreversíveis” (pp. 18-19). A órbita da terra está, portanto, no ponto exacto para a vida.

2 - Júpiter, como pára-raios, protege a Terra dos impactos siderais

- “Outro factor que claramente está envolvido no aparecimento e manutenção de formas superiores de vida na Terra é a raridade relativa dos impactos de asteróides e cometas. O que controla este baixo índice de impactos? A quantidade de material deixado num sistema planetário após a sua formação pode influenciar nesse índice: quanto mais cometas e asteróides há entre as órbitas dos planetas, maior é o número de impactos e há mais hipóteses de extinções massivas devido a eles. Mas não só isto. Os tipos de planetas num sistema podem também afectar o número de impactos, e assim desempenhar um papel importante na evolução e manutenção dos seres vivos. No caso da Terra, há sinais de que o gigantesco planeta Júpiter actua como um ‘pára-raios de cometas e asteróides’. Assim ele reduziu a frequência de extinções massivas, e talvez seja esta uma das razões por que foi possível surgirem e manterem-se no nosso planeta formas superiores de vida.” (p. XXII).

2 - Tamanho grande da Lua: condições para as quatro estações

Há outras características especiais no nosso sistema solar: “a Terra é o único planeta com uma lua de tamanho considerável quando comparada com o planeta que ela orbita” (p. XXII). Com efeito, o nosso satélite exerce uma influência crucial na estabilização da inclinação da Terra, mantendo-a num ângulo que permite a existência das quatro estações. Como se sabe, a Terra possui uma inclinação de aproximadamente 23 graus. Essa inclinação é conhecida como “obliquidade”, e tem permanecido praticamente constante graças ao facto da nossa Lua ser grande, impedindo variações maiores na inclinação da Terra, devido à sua força da gravidade.

Para demonstrarem a importância deste facto, os autores escrevem: “O planeta Mercúrio fornece um exemplo espectacular do que pode ocorrer num planeta cujo eixo é quase perpendicular ao plano da sua órbita. Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, e a maior parte da sua superfície é infernalmente quente. Mas imagens de radar feitas a partir da Terra mostraram que os pólos do planeta são cobertos de gelo. O planeta está muito próximo do Sol, mas visto dos pólos, o Sol está sempre no horizonte. Contrastando com Mercúrio, que não tem inclinação, o planeta Urano possui uma inclinação de 90 graus, e um dos pólos está exposto por meio ano [ano de Urano = 84,01 anos da Terra] à luz solar, enquanto que o outro lado experimenta uma temperatura baixíssima” (pp. 223- 224).

3 – A localização periférica na galáxia possibilita a vida na Terra

“Talvez até a localização de um planeta numa região particular de uma galáxia desempenhe um importante papel. No centro das galáxias, cheio de estrelas, a frequência de supernovas e a proximidade entre as estrelas podem ser muito elevadas, a ponto de não permitir as condições estáveis e longas que são aparentemente requeridas para o desenvolvimento da vida animal. As regiões mais afastadas das galáxias podem ter uma baixa percentagem de elementos pesados necessários para a construção de planetas montanhosos e de combustível radioactivo para aquecer o interior dos planetas. Até a massa de uma galáxia em particular pode afectar as hipóteses do desenvolvimento de vidas complexas, uma vez que o tamanho da galáxia está relacionado com o seu conteúdo em metais. Algumas galáxias podem ser muito mais favoráveis do que outras ao aparecimento da vida e à sua evolução. A nossa estrela e o nosso sistema solar são anómalos, no que respeita ao seu alto conteúdo de metais. É possível que a nossa própria galáxia seja um caso raro” (p. XXIII).

Talvez também o nosso planeta seja um caso raro na nossa Galáxia. E no Universo? Não tenho bases para especulações. Claro que se trata de uma tradução livre e anotada e que a obra não se pode resumir num artigo de blog.

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domingo, novembro 5

Respondendo ao Augusto do blog "klepsidra"

O meu amigo Augusto, fez-me sobre o artigo abaixo, o seguinte comentário, que na realidade é uma pergunta:

“Gostaria que respondesses à pergunta que faço no meu blog, relacionada ao teu comentário.”

Como a minha resposta é demasiado extensa para lhe responder num simples comentário e até por o assunto nada ter a ver com o que escrevi no artigo abaixo, o que me leva a pensar se valerá a pena continuar a escrever, aí está a minha resposta:

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O texto que escreveste foi este:

”Os microrganismos, como todos os elementos que compõe o Universo, tiveram de fazer parte da singularidade primeira, onde nada estava dividido. Com a Explosão Primordial, e o sequente processo de expansão, deu-se a dissociação do elemento primeiro, originando o aparecimento de todos os elementos conhecidos, inclusive os microrganismos, protagonizados por átomos, sementes da futura evolução.”

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A minha resposta é esta:

1.000 milhões de anos depois daquilo a que chamam, indevidamente, big bang, enquanto o universo prossegue o seu arrefecimento, as primeiras estrelas experimentam uma considerável subida de temperatura. Esse reaquecimento é provocado pela contracção da estrela, por acção do seu próprio peso. QUANDO A TEMPERATURA ATINGE CERCA DE 10 MILHÕES DE GRAUS (não sei como lá poderiam viver microorganismos) os protões combinam-se para formarem hélio.

As estrelas mais maciças brilham muito mais e, por isso, esgotam o seu hidrogénio em apenas alguns MILHÕES DE ANOS, o que as leva a retomarem a sua contracção e o aumento da temperatura até esta ultrapassar os 100 milhões de graus. Então, um conjunto de reacções nucleares vai permitir combinações inéditas: 3 átomos de hélio dão origem a 1 átomo de carbono, e 4 átomos de hélio a 1 de oxigénio. O encontro e fusão dos 3 átomos de hélio é um fenómeno muito raro e por isso todo este processo leva milhões de anos para o centro destas estrelas se povoar de núcleos de oxigénio e de carbono. Este, com a sua configuração atómica particular, presta-se à construção de longas cadeias moleculares que intervirão na aparição da vida. Por seu lado, o oxigénio entrará na composição da água, outra substância indispensável.

Muitos milhões de anos depois, o coração da estrela abate-se sobre si próprio aumentando mais a temperatura da estrela. Quando ultrapassa os 1.000 milhões de graus, geram-se núcleos de átomos mais pesados, os do ferro, do zinco, cobre, enfim... da centena de elementos atómicos que conhecemos na natureza. Estes núcleos entram então em contacto uns com os outros e ressaltam provocando ondas de choque e, por consequência, a explosão do astro. Como todos sabemos, é o que se chama uma "Super-nova". Os preciosos elementos que a estrela produziu ao longo da sua existência são espalhados pelo espaço em redor a velocidades de dezenas de milhar de quilómetros por segundo.

Somos verdadeiramente feitos de poeiras das estrelas.

sábado, novembro 4

Mudança de nome

O menino Epaminondas era um complexado. Mas que raio de nome lhe tinham posto! Os pais bem se esforçavam por o consolar:
- "Que já o seu avô se chamara assim e que o pai fizera questão"
Mas nada o convencia. Ele bem tentava que lhe chamassem "Epá". Mas não pegava e assim se foi arrastando com aquele "peso" até à Faculdade, sempre gozado pelos colegas. Lá tirou uma licenciaturazeca. Lá se filiou num desses partidos que trocam entre si o Poder e depois de uns milhares de cartazes colados, acabou por obter o seu "job": passou a ser Subsecretário do Secretário de Estado do Ministro das Feiras e Mercados.

Como éramos conterrâneos, uma vez fui lá chateá-lo por causa dum lugar de venda de alfaces para uma prima minha, que veio ter comigo a Lisboa a ver se eu, já que tinha andado na escola com Sua Excelência, conseguia uma “cunha” para que a Câmara lhe passasse a referida licença.
Pus uma gravata e fui ao Terreiro do Paço, convencido que aquilo era “canja” e que daí a nada estaria a beber um cafezinho com o Epaminondas.

Pura ilusão …
Sua Exª mandou dizer-me pela Secretária:
- "Que não se lembrava de mim, mas que, uma vez que eu dizia sermos conterrâneos, poder-me-ia receber daí a seis meses."
Lá falei com a minha prima e, passados seis meses, pus novamente a gravata e fui falar com a Excelência Excelentíssima.

Mandou-me entrar para o seu gabinete, que era maior que o meu T1, precisamente quando estava a "mandar vir" com a Secretária.
Que ela era uma incompetente, que dactilografara "estaremos", em vez de "estare-mos", etc e tal.
Ela bem se esforçava por se defender:
- "Sr Doutor para aqui, Sr Doutor para ali" ...
Mas em vão. O Sr Doutor permanecia irredutível. Era “estare-mos”, porque ele é que sabia e por isso é que tinha sido nomeado para aquele cargo de alta responsabilidade e confiança do Governo.

Quando o "temporal" amainou, lá me decidi timidamente a expor ao que vinha:
- "Vê lá tu, ó Epaminondas ..."

Fui de imediato interrompido:
- "Epaminondas? Onde diabo "foi" arranjar esse nome? Faz favor trate-me por Senhor Doutor, como toda a gente e acabou-se já a conversa!"

Claro que quem se lixou foi a minha prima, porque eu o mandei à m…

sexta-feira, novembro 3

Luís Sepúlveda


Gosto de Luís Sepúlveda como pessoa e como escritor. Acabei de ler o seu último livro publicado entre nós: “O poder dos sonhos”, talvez o mais politizado dele, que nos fala do seu país, o Chile e das “operações de cosmética” a que o mesmo tem sido submetido, mas que não disfarçam a realidade subjacente no quotidiano.

“Surpreendem-me as palavras e o seu poder de criar realidades …”

Talvez os portugueses tivessem deixado de sonhar. Talvez …

No seu livro “Mundo do fim do mundo”, que denuncia a exploração sem qualquer pudor, dos recursos do Planeta pelas nações ricas e poderosas, o que mais me impressionou foi a descrição que ele faz da actuação de Pedro Pequeno na sua luta contra o baleeiro japonês e da actuação das baleias e golfinhos, vindas em sua defesa:

“Quando lancei o escaler ao mar e remei para o barco baleeiro sabia que os tripulantes iriam atacar-me e que as baleias, vendo-me indefeso, atacado por um “animal” maior, não hesitariam em acudir em minha defesa. E assim aconteceu. Tiveram compaixão de mim.
(…)
No momento em que o Pedro Pequeno, no seu frágil escaler, investiu contra o barco de pesca japonês, uma baleia com todo o cuidado afastou-o do navio.
(…)
Então, obedecendo a uma chamada que nenhum outro humano ouviu no mar, um chamamento tão agudo que estremecia os tímpanos, trinta, cinquenta, cem, uma multidão de baleias e golfinhos nadaram até quase tocarem a costa, para regressarem com maior velocidade ainda e chocarem com as cabeças contra o barco.
Sem lhes importar o facto de que em cada ataque muitos morriam de cabeças rebentadas, os cetáceos repetiram os ataques até que o Nishin Maru, empurrado contra a costa, correu o risco de encalhar. (...) quando o tinham prestes a encalhar nem sequer lhe tocaram.”

Quem é que falou para aí na “exclusividade” da racionalidade dos humanos?

quinta-feira, novembro 2

Cardume



(Foto Peter)

quarta-feira, novembro 1

Ciência e Religião

É um tema que não se esgota, que não pode ser tratado sob a rama e sobre o qual nem eu sou a pessoa mais indicada para o fazer.

Em Novembro de 1996 a Gradiva publicou um pequeno livro de cerca de 140 páginas, "A mais bela história do mundo", que eu já conhecia por mero acaso, pois encontrava-me em Paris nesse ano e como sou um "rato de livrarias", comprara "La plus belle histoire du monde", 1996, Éditions du Seuil.
É um livro que em Portugal tem conhecido sucessivas edições, que rapidamente se esgotam. Ontem dei com uma nova, que julgo ser a 6ª.
Vou transcrever (será plágio?) um excerto do Prólogo, escrito por Dominique Simonnet e que versa o título em epígrafe. Talvez esse simples facto, sem qualquer fim lucrativo para mim, mas apenas demonstrativo do meu agrado pelo que li, vos aguce o apetite (será publicidade?). Talvez apareçam contributos para o tema, se por acaso lerem o artigo, o que poderá parecer pretensiosismo da minha parte, mas não é, acreditem que não é:

"Donde viemos nós? Quem somos nós? Aonde vamos nós? Estas são bem as únicas perguntas que vale a pena formular. Muitos, a seu modo, têm procurado a resposta, quer no cintilar das estrelas, no vaivém dos oceanos, no olhar de uma mulher ou no sorriso de um recém-nascido ... Porque vivemos nós? Porque existe um mundo? Porque estamos aqui?
Até há pouco tempo, só a religião, a fé, a crença ofereciam uma solução, mas hoje também a ciência tem sobre o assunto uma opinião.(...)
Descobriremos nesta narrativa uma surpreendente coerência, pois iremos ver os elementos da matéria associarem-se em estruturas mais complexas, as quais vão combinar-se em conjuntos ainda mais elaborados, que, por sua vez … É o mesmo fenómeno, o da selecção natural, que dirige cada andamento desta grandiosa partitura, a organização da matéria no universo, o jogo da vida sobre a Terra e até a formação dos neurónios nos nossos próprios cérebros. Tudo como se houvesse uma “lógica” de evolução.

Haverá Deus nisto tudo? Certas descobertas vão por vezes ao encontro de íntimas convicções. (...) A ciência e a religião não reinam nos mesmos domínios. A primeira aprende, a segunda ensina. A dúvida é o motor da ciência, a religião tem a fé como fundamento. O que não quer dizer que elas sejam totalmente alheias uma em relação à outra (...) Que cada um faça a sua escolha.
(…)"

(Dominique Simonnet, prólogo do livro “A mais bela história do mundo”, publ Gradiva)