sábado, junho 30

Mykonos 2

Por falar em moinhos:



E percorrendo as ruas estreitas, como falava o Nilson:



Reparem no azul da bandeira grega sempre omnipresente.

(Foto Peter)

sexta-feira, junho 29

Mykonos

Ao contrário de Santorini, cujas origens vulcânicas se têm como bastante certas, pouco ou nada se sabe sobre as origens de Mykonos.
Segundo os historiadores, a ilha teria sido colonizada pelos jónicos, mas foram os atenienses quem a explorou mais intensamente. Os poucos habitantes que ficaram depois da dominação helénica, conheceram um breve momento de prosperidade sob o domínio romano. Desde a época bizantina, Mykonos desapareceu literalmente dos anais até finais do sec XVIII, altura em que se converteu numa das ilhas mais poderosas e influentes do arquipélago das Cíclades, graças a uma grande frota mercantil devidamente protegida por uma eficiente armada. Este período duraria até 1821.
Desde há cerca de 40 anos, os habitantes da ilha descobriram as suas potencialidades turísticas e hoje em dia é esse o maior recurso económico da ilha. Durante o período estival, os seus 5 mil habitantes convertem-se num número 10 a 15 vezes superior.
Juntamente com Santorini será talvez a ilha mais fascinante do arquipélago.
A foto é do pequeno porto de Tourlos.


(Foto Peter)

quinta-feira, junho 28

Comprar, comprar, comprar...

Andava há dias sem saber muito bem o que escrever para este blogue.
Ultimamente falta-me a veia, o assunto. Ora ontem o Correio da manhã deu-me o mote.

Há uns tempos, mais mês menos mês, fui confrontado com um abaixo-assinado emanado pela administração do Jumbo cá do burgo que pretendia prolongar a abertura do supermercado para as tardes de domingo.
Na altura disse à rapariga que escondesse a coisa numa qualquer gaveta, não se desse o caso de muita gente assinar...
Bem... li hoje no jornal que 25 mil pessoas assinaram a petição, o que quer dizer que 25 mil pessoas legitimaram uma maior pressão para que o tal horário venha a ser autorizado.

Ponto um: Não concordo.
Ponto dois: Mas afinal o que se passa com esta gente?
Ponto 3: haverá mesmo necessidade de andar às compras no Jumbo ou outro hiper qualquer aos domingos à tarde? Todos os dias até às 23 e domingos de manhã já não são suficientes?

A verdade é que existem muitos serviços (saúde, transportes, limpezas, lazer, hotelaria, etc., etc.) que funcionam 24 sobre 24 horas. Alguns deles provavelmente sem necessidade, outros inevitavelmente ou dificilmente poderão estar isentos desses horários.

Mas neste caso, que é a compra das massas e do arroz, azeite, sabonetes e outros, haverá mesmo necessidade de sacrificar as pessoas com mais um dia de trabalho?
É que aquilo é mesmo violento. Já não basta aquela gente que chega em cima da hora do fecho e lhes prolonga o horário muito para além do razoável?

Preocupa-me a desumanização crescente, a falta de respeito pelo outro.

Proponho uma petição para um dia de folga geral. Um dia em que as pessoas podem simplesmente fazer o que lhes apetece. Todas as pessoas (ok, ok, há excepções, eu sei... não sou perfeito, nem ingénuo, está bem?).
Pelo menos aqueles serviços que apenas servem para nos esquecermos que somos todos pessoas.
Humanos...


(Foto: papeisportodolado.blogspot.com/2005/04)

Cosmologia Relativista

O OAL retomou as suas Palestras públicas mensais, que como habitualmente têm lugar no Edifício Central, Observatório Astronómico de Lisboa, Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa - Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa, pelas 21h30 da última sexta-feira de cada mês.

A próxima sessão decorrerá no dia 29 de Junho e terá como tema:

COSMOLOGIA RELATIVISTA

“A gravitação é a interacção fundamental na descrição do Universo. Só as forças gravíticas e electromagnéticas têm um longo alcance e podem actuar a grandes distâncias. Como a matéria cósmica é, em média, electricamente neutra , a força electromagnética não parece desempenhar nenhum papel relevante a uma larga escala, pelo que ficamos reduzidos à gravidade como a única força motora capaz de descrever a evolução do Universo.

As leis da gravidade foram descritas por Albert Einstein em 1915, na sua Teoria da Relatividade Geral. Esta teoria contém a teoria da gravitação de Newton como um caso especial para os campos fracos e a pequenas escalas. Dados os sucessos da gravidade de Newton na descrição das órbitas dos planetas é tentador averiguar a sua capacidade para construir um modelo cosmológico. A cosmologia newtoniana é efectivamente capaz de descrever correctamente muitos aspectos da cosmologia relativista.
Há aspectos da cosmologia relativista que não podem ser devidamente interpretados, e mesmo compreendidos, sem o recurso à teoria da relatividade. Por outro lado, a Relatividade Geral(RG) modifica o modelo newtoniano em vários aspectos entre os quais saliento os seguintes:

* Sabemos da teoria da Relatividade Restrita que a massa e a energia são equivalentes, de acordo com a relação de Einstein: E=mc2. Como consequência, não é só a densidade de matéria que contribui para as equações de movimento. Por exemplo, o campo de radiação cósmica de fundo tem uma densidade de energia que também entra nas equações da expansão do Universo. Este campo de radiação pode ser caracterizado como um fluido com pressão. E a pressão entra explicitamente nas equações que descrevem a expansão.
* A explicação da expansão no quadro da RG é completamente diferente: A expansão do universo é a expansão do espaço, sem que isso implique um movimento real dos aglomerados de galáxias. É um simples aumento de escala, que acarreta uma recessão das galáxias. Isto significa que as galáxias conservam as suas coordenadas fixas durante a expansão (diz-se que são co-móveis), embora a distância entre elas esteja a crescer.

Aspectos a clarificar:

- Haverá velocidades de recessão superiores à velocidade da luz? Será possível observar uma galáxia que se afasta de nós a uma velocidade superior à da luz? Como medir as dimensões do Universo e avaliar a sua idade?”

Prof. Paulo Crawford (Subdirector do OAL e Director da Biblioteca da FCUL)

A palestra terá videodifusão ao vivo na internet no endereço
http://live.fccn.pt/oal/

Para mais informações use o telefone 213616730.

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terça-feira, junho 26

O aeroporto NA OTA

A construção do NOSSO aeroporto na OTA é um problema em que irão ser tomadas decisões que influenciarão a vida dos nossos tetranetos e que poderão inferiorizar o nosso País se não forem acertadas, impedindo quaisquer possibilidades das gerações seguintes as corrigirem.

À semelhança do que fizemos quando abrimos aqui um espaço de debate sobre "A interrupção voluntária da gravidez" iremos tentar fazer o mesmo sobre este assunto que, no dizer do Prof Engº António Brotas (in "O erro da OTA", ed Tribuna da História): "A responsabilidade da nossa geração é, assim, imensa (...)".

Nela não cabem rivalidades Norte-Sul, interesses de grandes grupos económicos, autênticas forças de pressão que poderão condicionar as decisões políticas, e até pretensões puramente locais, já manifestadas por entidades municipais. O assunto é grave demais para ser encarado com ignorância, irresponsabilidade, ou falta de limpidez, já que se trata de uma resolução de ÂMBITO NACIONAL.

Neste blog e sob a referência OTA, poderão ler algo sobre o assunto no “link”:

http://www.somosportugueses.com/

segunda-feira, junho 25

Adeus Santorini


Até nunca mais!
Reparem nas encostas abruptas, de cor avermelhada, devido ao facto de serem constituídas por rochas ricas em mineral de ferro, provenientes do vulcão sobre o qual, após a sua explosão, foram construídas as casas.

(Foto Peter)

domingo, junho 24

E assim aparece a rosa


O nome vem do latim “rosa” e do grego “rhodon”. As rosas estão entre as flores mais antigas a serem cultivadas. A primeira parece ter crescido nos jardins asiáticos há 5000 anos. Na sua forma selvagem a flor é ainda mais antiga; fósseis dessas rosas datam de há 35 milhões de anos. Muitas variedades de rosas foram perdidas durante a queda do império romano e a invasão muçulmana da Europa.
Após a conquista da Pérsia no século VII, os muçulmanos desenvolveram o gosto pelas rosas, e à medida que o seu império se estendia da Índia à Espanha muitas variedades de rosas foram novamente introduzidas na Europa.
Durante a Idade Média, as rosas eram muito cultivadas nos mosteiros. Era regra que pelo menos um monge fosse especialista em botânica e estivesse familiarizado com as virtudes medicinais da rosa e das flores em geral…

Shakespeare, em Romeu e Julieta, com uma única frase definiu bem aquilo que sentimos por esta flor:
"Aquilo a que chamamos rosa, com outro nome seria igualmente doce".

"Os Deuses Gregos”:

Afrodite deu uma rosa ao seu filho Eros, o Deus do amor. A rosa tornou-se um símbolo de amor e desejo. Eros deu a rosa a Harpócrates, o Deus do silêncio, para o induzir a não falar sobre as indiscrições amorosas da sua mãe. Assim, a rosa tornou-se também um símbolo do silêncio e do segredo. Na Idade Média era suspensa uma rosa do tecto da câmara municipal comprometendo todos os presentes ao silêncio.

(autor desconhecido)

sábado, junho 23

Amiga

Deixa-me ser a tua amiga, amor;
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres.

Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa, a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for
Bendito sejas tu por mo dizeres!

Beija-me as mãos, amor, devagarinho…
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho…

Beija-mas bem!… Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!…

(Florbela Espanca)




No antigo 4ºano, Florbela Espanca foi para Évora, para o então Liceu André de Gouveia (foto) onde hoje é a Universidade.Com ela foi toda a família, que se instalou na Rua de Avis, nº16.
Florbela foi das primeiras mulheres a frequentar o liceu eborense. Foi aluna do Liceu de Évora até 1912.
Em 08 de Dezembro de 1913 – o dia dos seus 19 anos – casou-se civilmente com Alberto Moutinho, seu colega de liceu.

sexta-feira, junho 22

Santorini


A ilha foi habitada pelos Fenícios, mas já desde a Pré-história que as suas costas o eram.
A pouca distância da praia de Akrotiri, uma das mais belas e sugestivas pela sua cor rosa, surgem as ruínas da cidade pré-histórica de Thera, uma espécie de Pompeia em ponto pequeno. Era aqui que se concentrava a população no momento em que o vulcão explodiu.
A explosão do vulcão ter-se-ia dado cerca de 1500 a.C. e a partir desse momento iniciou-se a segunda vida da ilha, objecto de lutas pelo domínio da sua posição militar e estratégica, primeiro os espartanos e depois os atenienses, seguidos dos bizantinos e dos turcos.

quinta-feira, junho 21

"Faixa de Gaza"


Não, não é a zona do Médio Oriente dilacerada pelos combates e onde nunca mais há paz.
Preocupemo-nos e lamentemos aqueles infelizes, mas, neste tempo de praia, deliciemo-nos com a vista destas duas belas moças, exibindo para nosso deleite e deleite e orgulho delas, parte dos seus esbeltos corpos.
É precisamente essa zona que os "tops" deixam à mostra, que a gente jóvem, sempre irreverente, passou a designar por "Faixa de Gaza", pois situa-se entre os "Montes Golan" e a "Terra Prometida".

A rainha das supernovas

Com o auxílio do telescópio espacial de raios-X Chandra e outros telescópios terrestres, foi detectada a explosão estelar mais brilhante alguma vez registada. Segundo a equipa responsável pela descoberta, esta explosão foi verdadeiramente monstruosa, cem vezes mais energética que uma supernova típica. Acredita-se que poderá ser um novo tipo de supernova há muito procurado, o que significa que a estrela que explodiu poderá ter possuído o limite superior de massa para estes corpos, cerca de 150 vezes a massa Sol, algo que nunca fora observado antes.
A descoberta indica que explosões violentas de estrelas com uma massa extremamente grande, foram acontecimentos relativamente comuns no Universo jovem e que uma explosão semelhante poderá acontecer a qualquer momento na nossa galáxia.

Os astrónomos pensam que muitas das estrelas de primeira geração possuíam massas desta grandeza. A supernova agora descoberta poderá pois proporcionar uma "visão" rara de como as primeiras estrelas morreram. Não existem precedentes na descoberta de uma estrela de massa tão elevada e do testemunho da sua morte.
A descoberta desta supernova, designada por SN 2006gy, fornece evidências de que a morte de estrelas de massa muito elevada é fundamentalmente diferente das previsões teóricas.

Interpretação artística da explosão estelar


Aparentemente, a estrela que deu origem à SN 2006gy expeliu uma grande quantidade de massa antes de explodir. Esta grande perda de massa é semelhante à observada na Eta Carinae, uma estrela de massa elevada presente na nossa galáxia, o que leva a suspeitar que a Eta Carinae poderá estar prestes a explodir.
Embora a SN 2006gy seja intrinsecamente a supernova mais brilhante alguma vez detectada, encontra-se a cerca de 240 milhões de anos-luz da Terra, na galáxia NGC 1260. No entanto, a Eta Carinae encontra-se apenas a 7500 anos-luz de distância da Terra, dentro da Via Láctea.

imagem da SN 2006gy obtida pelo telescópio de raios-X Chandra,


Pode observar-se à direita a SN 2006gy e à esquerda o núcleo da sua galáxia anfitriã, a NGC 1260.

Embora não se tenha a certeza de que a Eta Carinae esteja prestes a explodir, os astrónomos tencionam mantê-la "debaixo de olho". Caso esta explodisse, o fenómeno bem poderia ser o maior espectáculo celeste na história da civilização moderna.

imagem da estrela Eta Carinae, obtida pelo telescópio Hubble,


Geralmente as supernovas ocorrem quando estrelas de massa elevada consomem todo o seu combustível e colapsam por acção da sua própria gravidade.
No caso da SN 2006gy, os astrónomos acreditam que o processo que terá dado origem à explosão tenha sido bastante diferente.
Assim, pensa-se que em certas condições, o núcleo de uma estrela de massa elevada produz uma tal quantidade de radiação gama, que parte dessa radiação é convertida em pares de partículas e anti-partículas. Isto origina a diminuição da pressão no núcleo da estrela, e daí o seu colapso súbito por acção da enorme força de gravidade que possui.
Após este colapso violento, ocorrem reacções termonucleares sem controlo e a estrela acaba por explodir, espalhando os seus restos mortais pelo espaço.

Os dados agora obtidos para o caso da SN 2006gy sugerem que as primeiras estrelas podem ter originado frequentemente supernovas espectaculares, ao invés de colapsarem por completo para um buraco negro como previsto teoricamente.
Em termos do efeito destes dois fenómenos no Universo jovem, existe uma grande diferença:

- as supernovas teriam "poluído" a galáxia com grandes quantidades de novos elementos;
- no caso de colapsarem para um buraco negro, esses novos elementos ficariam "fechados" para todo o sempre dentro desse objecto.

ASTRONOVAS (23MAI07) – Adaptação
Observatório Astronómico de Lisboa - Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa

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quarta-feira, junho 20

Votos

“(...) não deixa de ser estarrecedor como o voto é. cada vez mais, uma formalidade para decidir quem vai para o Poder e não o que vão fazer ao poder que o povo lhes entrega. (...)”

("A precisar de férias", Manuel Queiroz, Subdirector do jornal Correio da Manhã, 19 Junho 2007)

terça-feira, junho 19

Grécia Ilha de Santorini


O seu nome grego primitivo era Callisti, que significa "a mais bela" e é uma das ilhas gregas do Arquipélago das Cíclades mais visitada pelos turistas.
SANTORINI teria tido origem numa violentíssima explosão vulcânica e a própria ilha seria praticamente a parte inferior do vulcão, cuja erupção gerou outras duas ilhas: Aspronissi e Terrasia, pelas quais Santorini se estende.
A foto é a da cidade de Oia, com as suas características casas e os tetos em cúpula cor azul cobalto.

(Foto de Peter)

domingo, junho 17

Quando um gato e um cão se apaixonam

Não resisti :

quarta-feira, junho 13

A vingança dos Belgas!

Vida de rata

O Sartre escreveu “As Moscas”, um texto como só ele.
Existe, no entanto, um outro tipo de bicho que connosco convive, ou muito perto de nós, que se insinua como aqueles voadores e repelentes animaizitos.

São as ratas.
As ratas, que não precisam de ser nojentas – a minha mãe teve uma hamster a que nós chamávamos carinhosamente “a rata da minha mãe” bicha engraçada e carinhosa –, podem até ser muito agradáveis ao tacto.
Por isso, pois, as ratas podem ser simpáticas, gostam da brincadeira e de festinhas no pêlo.
Mas as ratas têm a sua própria tribo. Tal como nós, homens, ali vivem, ali interagem entre si.
De quando em vez mostram-se disponíveis para a brincadeira mas, na maioria das vezes, apenas dentro da toca.
Nem sempre as vemos. Se queremos tocar-lhes temos que entrar no buraco, arriscar uma dentada, um arranhão.
Mas vale a pena.
Quando se apercebem que não somos uma ameaça, as ratas até que se chegam. E então é um vê-las a pular de contentes com a borga.
Mas depois lá voltam elas ao buraco e, até novo enlevo, por lá ficam.

Confesso. Gosto de ratas.
Mas gosto quando elas se mostram e deixam que lhes toquemos e as afaguemos como elas tanto precisam e merecem.

Só que parece que elas nem sempre o sabem.

sexta-feira, junho 8

O iceberg



Portugal é um iceberg vogando nas águas tormentosas da C.E. Na parte visível aparecem (não quer dizer que ali pertençam) as multidões que enchem os mega-concertos de bandas famosas e que esgotam os bilhetes com meses de antecedência, que lotam os voos para o Nordeste brasileiro, agora já ultrapassado pelas longínquas e paradisíacas praias de ilhas distantes e que enxameiam o Sotavento Algarvio numa comunhão não partilhada com os VIPs, enfim ...

Abaixo da superfície do mar, como todos sabem, encontra-se a parte mais volumosa. É aí que vivem as pessoas que viajam comigo nos transportes colectivos, quando se podem dar a esse luxo e que habitam os prédios dos anos 40, ou mais antigos. Sobretudo viúvas de funcionários, professores primários, empregados do comércio (...) habituadas a um determinado nível de vida, honestas e modestas. Mas também mulheres mais jovens, abandonadas pelos maridos que não sabem onde se encontram e que, portanto, deixaram de receber a pensão a que estes foram obrigados para o sustento delas e dos filhos e que já não têm pais a quem acorrer, pois estes ainda se encontram em pior situação.

- Vê este fogão? Está avariado, mas ainda não está pago.
- E este televisor em cima do frigorífico, está desligado.
- Está avariado, não tenho dinheiro para o mandar arranjar, mas também ainda não está pago.

-Está é da "Financiadora", precisava dum crédito.
- Certamente, nada de mais fácil, quanto precisa? Os nossos juros são iguais aos cobrados pelos cartões de crédito e ainda hoje terá o dinheiro nas suas mãos.

Ela sabe que não poderá pagar, mas que importa, se já não paga as prestações da casa há meses, o mesmo acontecendo com a luz a água e o gás, que dentro em pouco lhe serão desligados. É preciso ir sobrevivendo, não sabe o que lhe vai acontecer e já nem se importa. Alguma coisa se há-de arranjar.

E os habitantes dos bairros degradados?

Estão também na parte submersa, mas mais acima, junto ao mar. De vez em quando deitam a cabeça fora de água. Sobrevivem com "esquemas" e sempre, toda a vida, viveram na miséria e em ambientes degradados.
Mas as novas gerações querem agora e já, aquilo a que se julgam com direito como seres humanos e por isso os "esquemas" de que se servem, muitas vezes entre curtas, ou mais longas estadias na prisão. Por vezes há o azar das coisas correrem mal ...
As "velhas" ainda se vão arrastando como "mulheres a dias", enquanto os maridos vão fazendo "biscates" que por vezes aparecem.

Penso nisso enquanto vou navegando no Titanic. Parece que o navio roçou o iceberg, mas não vai haver azar pois a orquestra continua a tocar ...

domingo, junho 3

O PORTO: O MORRO E O RIO. 9º EPISÓDIO: E QUEM É QUE MANDA AQUI ?

Virado a Sul, não vá o diabo tecê-las, Vímara Peres parece mais alto que a Torre dos Clérigos. Sente as costas bem protegidas: hoje, por uma grande cidade, com identidade e carácter; em 868, quando aqui chegou, por um território reconquistado desde as Astúrias, consolidado pelo Reino de Leão.

Andando para trás, antes de árabes e visigodos, vamos encontrar os suevos e o seu efémero reino, com capital em Braga.
Pelos vistos gostaram deste morro: ocuparam-no em 417, construíram a Cerca Velha aproveitando o que restava da românica, e levaram a sua amabilidade ao ponto de fazerem ascender Portucale a sede episcopal. Em 569, no Concílio de Lugo, vem registada uma nova terra: Portucale Castrum Novun.
Que tal uma evocação de agradecimento aos simpáticos suevos por toda essa gentileza?
Ali, ao lado do Vímara?

Não se sabe bem porquê, mas a primitiva sede episcopal do território, que depois correspondeu à diocese do Porto, situava-se na paróquia de Magnetum, freguesia de Meinedo, concelho de Lousada. Muito possivelmente uma situação transitória, uma vez que em 589, no III Concílio de Toledo, a diocese de Portucale já é representada por um Bispo, Constâncio de nome.
Daí até à invasão árabe, a civitas portucalense teve bispos residenciais, marcando presença regular nos concílios de Toledo, capital do reino visigótico.

Quando, em 716, os muçulmanos de Abdelaziz passaram por aqui, em passeio pouco amistoso, não sentiram necessidade de garantir a ocupação do burgo, mantendo-se o território abandonado, sem qualquer tipo de força política. Durante 150 anos, ninguém mandou em ninguém: a cidade estava deserta!


Assim, em 868, Vímara Peres, ao serviço de Afonso III de Leão, não precisou de desembainhar a espada para reocupar Portucale. Chama-se a isso tomar de presúria, designação que correspondia à apropriação de terras e instalações tomadas a muçulmanos durante a Reconquista Cristã.
Afonso III encara de frente o problema do repovoamento de toda a região, mas faz de Guimarães o centro de actividade política, onde Vímara Peres acaba os seus dias dando o seu nome, Vimaranis, à localidade que depois o aportuguesou para Guimarães. Quem lá nasceu, no entanto, guardou a palavra vimaranense até agora.

Daí em diante, até 1071, os Condes de Portucale, descendentes do presor, continuando a residir em Guimarães, representam uma linha de poder. Nascera o primeiro Condado que resistiria cerca de 200 anos às contingências da relação de forças e de interesses dos senhores do noroeste peninsular.
Na batalha de Pedroso, perto de Braga, o último Conde, Nuno Mendes, encontrou a morte e a derrota às mãos do Rei da Galiza: o primeiro Condado Portucalense tinha acabado e as suas terras passaram a fazer parte daquele Reino.



Mas não foi por muito tempo. Vejamos o que escreve o professor José Mattoso. Não é possível dizer melhor:
"Em data incerta, mas provavelmente em 1096, o Rei Afonso VI de Leão e Castela, preocupado com a defesa da área ocidental do seu reinado contra as crescentes investidas dos Almorávidas, entregou o governo dos antigos Condados de Portucale e Coimbra, destacados da Galiza, a Henrique de Borgonha, a título hereditário e deu-lhe em casamento a sua filha ilegítima Teresa."
"Este acontecimento marca, com grande precisão, o aparecimento do Condado Portucalense como entidade política. A partir dele constituiu-se o futuro Reino de Portugal."
"A separação entre Portugal e Galiza e a vassalagem directa de Henrique a Afonso VI foram dois factores decisivos para a futura independência de Portugal."

E, por essa altura, quem é que mandava aqui? Este pequeno extracto de Armindo de Sousa (In História do Porto - Tempos Medievais) responde à questão: " Quando D. Hugo chegou ao Porto, encontrou uma comunidade vicinal dotada de auto-governo, isto é, uma sociedade civil revestida de autonomia no que respeitava à gestão do seu espaço, à prossecução dos seus interesses e à resolução dos seus conflitos."

Depois, em 1120, quando Dª Teresa faz doação do couto, os Bispos passam a ser os novos Senhores de uma Cidade que, pelos vistos, não estava habituada a ter Senhores. E, quando os teve, era fora de portas.



Como fora de portas - agora por ordem do Bispo - ficaram, durante séculos, cavaleiros e quejandos, o que constituiu um privilégio que o portuense soube defender e prolongar, muito para além do senhorio episcopal. Que o diga Rui Pereira, Senhor da Terra de Santa Maria, a fugir, chamuscado e apressado, da casa onde teimava pousar para além do permitido.

No próximo episódio, sem pousar, vamos ver o que falta da vertente Norte do Morro.

(continua)
(Fernando Novais Paiva)

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sábado, junho 2

O meu ponto de vista

O que não quer dizer que seja o ponto de vista do blogue, pois cada um dos colaboradores é livre de manifestar a sua opinião.
No dia 15 de Julho vai realizar-se a eleição para Presidente da CML certamente com larga afluência de votantes, atendendo às condições em que vivemos, de "desafogo financeiro" (?) que nos obriga a passar as férias em Lisboa, nos hipermercados e os mais endinheirados com esporádicas idas à praia da Costa da Caparica.

Uma coisa eu sei: posso votar em qualquer dos candidatos, não interessa, até porque o voto é secreto, mas em quem EU NÃO VOU VOTAR É NO CANDIDATO SÁ FERNANDES.
Não porque eu seja contra o BE. Não sou. Até me divirto com as campanhas eleitorais deles, inteligentes, imaginativas e divertidas.

Mas porque:

Como LISBOETA, não lhe posso perdoar a providência cautelar que interpôs contra a construção do túnel do Marquês de Pombal e que levou ao embargo das obras do mesmo. Durante 7 meses andei a sofrer os transtornos do caos que ali se instalou.

Como SPORTINGUISTA (sim, porque não sou intelectual e gosto de futebol) não lhe perdoo a sua oposição, que está a impedir que o meu clube possa vender os terrenos onde existia o velho Estádio José Alvalade.

sexta-feira, junho 1

Só para não perder o fio à meada

... pois,
é dia Mundial das Crianças...







fiquemos por aqui...



Desculpem lá mas não resisti... é que se os pais das crianças não atinam, nada feito...

Dia 1 de Junho - Dia da criança

“mas, as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?”



Madeleine McCann, a última de que temos conhecimento, mas quantas mais em todo o mundo?


- Crianças vítimas dos maus-tratos de familiares: violadas, agredidas, mortas.
- Crianças que fogem de casa para escaparem aos maus-tratos dos pais e que sobrevivem prostituindo-se.
- Crianças vítimas de predadores sexuais.
- Crianças raptadas e vendidas a redes de prostituição infantil.
- Crianças vítimas da guerra no Iraque, na Faixa de Gaza, ou em qualquer outro sítio do mundo onde haja conflitos.
- Crianças utilizadas como "bombistas suicidas", ou como "rebenta minas" avançando à frente dos combatentes.
- Crianças raptadas para serem utilizadas como combatentes.
- Crianças que morrem de fome aos milhares no Darfur perante, como diria Camus: “a terna indiferença do mundo”.
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Dia 1 de Junho, dia da criança?

TODOS OS DIAS deveriam ser DIAS DA CRIANÇA.