sábado, maio 31


Tamara de Lempika, Adam and Eve

«o que peço ao jardim edénico — na invisibilidade —,
é a alegria do amor sensual; luar libidinal, será esse o termo?
«Mas como é possível não tocar quem se ama?», pergunta o meu corpo,
pois acordei, banhada numa tristeza que se converteu em lágrimas
e numa profunda nostalgia do tal luar quando nós vimos dele,
ou corremos para ele.»


maria gabriela llansol, amigo e amiga,
Assírio & Alvim, Lisboa, 2006, p.203

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sexta-feira, maio 30

DIAS 01- 02 - 03 JUNHO


quarta-feira, maio 28


(p.f. clique na imagem para aumentar)

Depois de uma viagem de 675 milhões de quilômetros,
percorridos em quase 10 meses, a sonda espacial Fênix
(Phoenix) pousou com segurança no pólo norte de Marte

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terça-feira, maio 27



Cala-te, a luz arde entre os lábios
e o amor não contempla, sempre
o amor procura, tacteia no escuro,
esta perna é tua?, é teu este braço?,
subo por ti de ramo em ramo,
respiro rente à tua boca,
abre-se a alma à língua, morreria
agora se mo pedisses, dorme,
nunca o amor foi fácil, nunca,
também a terra morre.

Eugénio de Andrade, «Matéria Solar»

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segunda-feira, maio 26


.
- Isto disse o poeta -
.
Os dedos do amor esmagam
E deliram em seguida
Amo-te sivestre planta
amo-te fundo e o mundo
é o teu rosto de cânhamo
As mãos rainha minha
de um pajem de passagem
tocam em ti e abandonam-te
.
Toco-te eu da cicatriz ao ceptro
cheio de tacto e de talento lento
E com beijos de veneno venero-te
Soberana Madrepérola
Ouve esposa preciosa esposa extrema
.
Ouve-me em meu idioma de poema.
.
Carlos Edmundo de Ory, in
Herberto Helder, "Doze Nós Numa Corda"
Assírio & Alvim, Lisboa, 1997, p.42

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quarta-feira, maio 21

Deixo…

Deixo-te falar para os meus botões.
Penso cá para mim que os 40 e tal canais na Tv. já são excessivos.
Gritos e gritos que não oiço porque de tanto serem gritos, já me pertencem e, por isso, recuso escutá-los.

Prevejo que um dia, em breve, já não terás força para falar, sequer. Quanto mais gritar.
Revejo aqueles filmes em que tudo desapareceu.
Apenas ficaram os restos de nós.

Pergunto-me, então, se o universo quererá albergar tal gente que se entretém em jogos de guerra, e de trocas económicas, que se espalham pela poeira, sem destino, sem razão.

O melhor é encontrar um outro motivo para aqui estar, enquanto tu, dono deste pedacito do cosmos, te entreténs a pensar que és eterno.

Os 40 e tal canais são teus. Por isso são excessivos.
Não deixas nada para nós, embora haja quem acredite que é livre de dizer e de opinar.

domingo, maio 18

MAIO 68


Numerosas gerações nascidas no imediato após II GM atingiram a idade da razão nos anos 60, quando os países ocidentais conheciam uma prosperidade económica sem precedentes, com uma taxa de crescimento anual de 5% a 6 %, pleno emprego e uma subida forte e continua dos salários. Esta prolongada expansão ia também influenciar fortemente as orientações e atitudes dos “baby- boomers”.

Numerosos observadores acreditaram ver no receio do desemprego, uma das causas da contestação de 1968. Não o creio. Acredito que se enganaram.

A alienação dos trabalhadores no seio das empresas, tratados como simples apêndice de carne dos maquinismos e a manipulação das suas necessidades pessoais fora das horas de trabalho, foi substituída pela crítica clássica da anarquia capitalista, geradora do caos e das crises económicas.

Os revolucionários acreditavam na utopia duma sociedade perfeita, numa cidade terrestre reunificada, reconciliada consigo própria, transparente, enfim despida da exploração e da opressão. Se abstrairmos deste optimismo histórico, não poderemos compreender como dezenas de milhar de jovens intelectualmente esclarecidos e sãos de corpo e espírito, se puderam lançar no esquerdismo, capaz de edificar um grande Partido revolucionário, regenerador do movimento operário, que encaminharia a França para o Socialismo. Tal parecia não só possível, mas também fácil …

O mais engraçado é que esta prolongada expansão é também uma expansão capitalista, sinónima da expansão dos mercados e da organização capitalista do trabalho, que passaria a absorver os tempos de lazer e cultura dos trabalhadores.

Foi assim que nos anos 60 explodiram as contradições culturais do capitalismo, que a geração do “baby-boom” viveu plenamente com ardor e paixão.

P.S. Na próxima semana o blog está a cargo do ANT.

sábado, maio 17

ABASTECIMENTO DE GASOLINA

Recebi o seguinte e-mail que anda a circular pela NET e que me pedem para difundir, que é o que estou fazendo:

"Bom dia:
Vamos fazer a diferença!
Isto tem que começar por algum lado!
Vamos passar a palavra e não ser indiferentes, temos que fazer com que as coisas mudem!
A subida vertiginosa do preços dos combustíveis tem que parar e temos que fazer com que baixem!
Para tal vamos combinar três dias nacionais seguidos de NÃO ABASTECIMENTO NA BP, GALP, REPSOL!
Esses dias serão o 1 -2 -3 de Junho que vem!
VAMOS FAZER A DIFERENÇA!
Nesses dias abasteçam em outros postos de combustíveis tais como a Esso, Total, Continente (antigo Carrefour), Intermarché, Jumbo e Leclerc!
Juntos teremos força para baixar os lucros destes gigantes!
Agora é só passar a palavra com urgência!
Estou farto de ser levado na hora de pagar!

CHEGA!
SEJAMOS UNIDOS PORTUGUESES E TODOS OS QUE TENTAM SOBREVIVER EM PORTUGAL!
NÃO ESQUEÇAM 1 - 2 - 3 de JUNHO que vem Não abasteçam na BP, GALP e REPSOL!

FORÇA PORTUGUESES"

Portugal de hoje

- Quero comprar uma daquelas bolas de borracha compacta, que fechamos na mão e vamos apertando e assim trabalhando os dedos.
- Sei o que é, mas já há bastante tempo que não temos. Talvez numa casa da baixa.
- Qual delas? A Sena fechou.
- A Sena fechou?
- Não sei, mas ou está fechada, ou anda em obras, pois tem um andaime à volta da porta..
- Então a outra em frente.
- Agora é uma loja de modas.
- Está tudo falido e esta gente não se convence disso. É só gamanço, é tudo a sacar. Ainda há pouco telefonaram-me a dizer que me tinham roubado um tratorzeco numa pequena propriedade que tenho lá para cima. Parece que a GNR anda a investigar.
- Pois é, meu caro, isto está uma boa m... A Baixa só lá tem meia dúzia de velhos a morar. As lojas estão falidas e a morrer aos poucos. Resta a quinquilharia da Rua Augusta, que de "augusta", já nada tem. Olhe, vou andando e boa sorte para o seu negócio.
- Boa sorte para mim, a ver se não me metem uma bala na cabeça.
- Tem razão. Agora com o "carjacking" há que esperar tudo. Mas já agora e uma vez que a conversa está a ser agradável, diga-me uma coisa.
- Faz favor.
- O governo diz que vai pôr em execução um plano para acabar com as listas de espera nas consultas e operações oftalmológicas e para isso o Min Saúde vai contratualizar 30 mil cirurgias e 75 mil primeiras consultas. Mas o que andaram todo este tempo a fazer? Eu acho ser de uma crueldade inominável, terem deixado mergulhados na cegueira milhares dos nossos concidadãos durante tanto tempo. Porquê esta pressa toda agora de um momento para o outro?
- Se calhar estão com receio do contágio.
- Contágio?. Contágio de quê?
- Do vírus cubano.

sexta-feira, maio 16

O mistério da Catedral de Salamanca


Durante o restauro da Porta de Ramos da Catedral Nova de Salamanca realizado em 1992, foram integrados motivos contemporâneos e modernos, entre os quais uma figura esculpida de um astronauta.

A inserção deste motivo deve-se à tradição dos antigos restauradores e construtores de catedrais que consistia em utilizar um motivo contemporâneo, dissimulado entre os motivos mais antigos, com o intuito de assinar as suas obras.

O responsável pelo restauro, Jerónimo Garcia, escolheu um astronauta como símbolo do século XX.

quinta-feira, maio 15

77777

São o6h03 do dia 15 de Maio de 2008.

O contador acusa 77777 visitantes.

Sao cinco setes.

7 é o meu número da sorte e hoje será o meu dia.

Um dia feliz para todos!

Obrigado pela vossa companhia.

Peter

quarta-feira, maio 14

Um documento histórico

Encontrava-me em Luanda na altura em que ali decorreram os terríveis acontecimentos descritos na 2ª metade do livro de Tiago Rebelo, "O último ano em Luanda", publicado em Março e que já vai em 4ªedição, o que dá bem ideia do sucesso que está obtendo junto do público leitor.
Não tenho intuitos de propaganda, até porque não aufiro quaisquer lucros, mas não tenho pejo em afirmar que se trata dum livro espantoso pela veracidade da descrição da situação ali vivida a que, como já disse atrás, tive oportunidade de assistir.

Normalmente vou lendo os livros na calma, levando tempo para o fazer. Este "devorei-o" em 2 dias!

Domingo, dia 11 MAI 08, arrumando papelada, dei com o documento que aqui publico e que é também como que um testemunho.
Julgo tratar-se de um documento histórico, possivelmente único.




Os comentários ao mesmo são vossos e penso que muito haverá a dizer.

terça-feira, maio 13

Não é normal

"Não é normal em qualquer sítio civilizado que o bastonário da Ordem dos Advogados venha a público dizer aos indígenas que é mais eficaz e mais barato cobrar dívidas recorrendo à violência.
Não é normal que as palavras de Marinho Pinto correspondam rigorosamente à verdade. Qualquer cidadão sabe que não vale a pena gastar tempo e dinheiro com advogados e custas processuais e aturar recursos em cima de recursos, anos a fio, para depois ficar exactamente na mesma.
Não é normal em qualquer sítio civilizado que a Polícia Judiciária, responsável pelo combate ao crime mais violento e à criminalidade económica - leia-se corrupção, branqueamento de capitais e outros que tais - viva como vive, numa situação de instabilidade permanente, e conheça em três anos três directores nacionais.
Não é normal num sítio civilizado que a mesma Polícia Judiciária tenha sido objectivamente amputada dos meios necessários e suficientes para cumprir devidamente a sua missão.
Não é normal num sítio civilizado que a investigação criminal tenha sido completamente destruída por uma classe política comprometida, temerosa e cúmplice do pior que há no sítio.
Não é normal num sítio civilizado que um Código de Processo Penal aprovado no Parlamento, torne impossível o combate à Corrupção."

( in "Macacos e macacões", coluna "Estado (do) Sítio", do jornalista António Ribeiro Ferreira (com a devida vénia) e publicado no jornal diário Correio da Manhã do dia 12 de Maio de 2008)

O texto está bem identificado. Os comentários, se os houver, são vossos, mas o assunto é nosso e afecta e de que maneira, o nosso quotidiano, não de agora, mas desde há 30 anos.

segunda-feira, maio 12

S Francisco de Assis


Estive em Assis, como estive em Lourdes e em Fátima, mas foi em Assis, onde voltei várias vezes, que senti uma sensação de espiritualidade ( não sei se lhe chame assim ) que não experimentei em nenhum dos outros sítios.
Na altura eu não tinha, nem praticava nenhuma religião e a minha passagem por esses locais era para satisfazer a crença da minha mulher, ou porque o mesmo se integrava em circuitos turísticos.
Mas Assis acabou por me prender.

“Laudato sie, mi Signore,
Per sora nostra madre terra
La quale ne sustenta et governa
Et produce diversi fructi
Cum coloriti fiori et herba”

(Cantico delle Creature)

Em crónica jornalística, li há dias Leonor Pinhão, da qual transcrevo:

«Uniu-se à “irmã pobreza”, assistiu aos famintos e só o facto (terreno) de ter morrido em 1226 o impede de assistir, hoje, à expulsão dos pobres de Assis, por ordem de Claudio Ricci, o presidente da Câmara. Porque os pedintes da cidade de Assis dão cabo do turismo.»

Turismo, ou religião? Opta-se pelo primeiro, a segunda não conta, só serve para atrair o primeiro.

A imagem acima pode trazer-se da Basílica Inferior e tem no verso a Preghiera (oração) a S. Francisco.

domingo, maio 11


......O CONVITE À VIAGEM

...........Irmã, filha, escuta,
...........Pensa na doçura
......De irmos para lá viver, sim!
...........Amar à vontade,
...........Amar e morrer
......Nessa terra igual a ti!
...........Os húmidos sóis
...........Dos nevoentos céus
......Têm para mim os encantos
...........Assim misteriosos
...........Dos teus falsos olhos,
......Entre as lágrimas brilhando.

......Lá tudo é beleza e luxo
......É ordem, calma e volúpia.

......Móveis reluzentes,
...........Polidos plo tempo,
......Decorariam a câmara;
...........As mais raras flores
...........Fundindo os odores
......Ao vago aroma do âmbar,
...........Riquíssimos tectos,
...........Profundos espelhos,
......O esplendor oriental,
...........Tudo falaria
...........Com a alma em surdina
......A sua língua natal.

......Lá tudo é beleza e luxo,
......É ordem, calma e volúpia.

...........Vê nesses canais
...........Dormir essas naus
......Cujo humor é vagabundo;
...........É pra saciar
...........As tuas vontades
......Que vêm do fim do mundo.
...........Os sóis, já deitando-se,
...........Envolvem os campos,
......Os canais, toda a cidade,
...........Com oiro e jacinto;
...........E o mundo dormindo
......Numa quente claridade

......Lá tudo é beleza e luxo,
......É ordem, calma e volúpia.


(Baudelaire, As flores do mal)

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sexta-feira, maio 9



Desejando vê-lo,
para ser vista por ele —
se ele ao menos fosse
o espelho onde me olho
e que olho cada manhã!

Isumi Shikibu (974?-1034), [i]in[/i] "O Japão
no Feminino I Tanka - séculos ix xi",
Assírio & Alvim, Lisboa, 2007, p.53

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quinta-feira, maio 8



«ela começou agora a compreender que o convívio apaixonado
é um princípio de imagem. Se eu ligar todas as pontas e
for para o jardim do quarto onde as imagens
florescem do gomo,

elas abrem-se
no dependente abandono de umas às outras,

mas,

no fim do convívio libidinal,
quando o reminiscente renasce,

mergulham na quantidade de vezes em que se repetem por segundo,
e onde o homem nu toca piano.


Para isso também a mulher era fotógrafa,
sem qualquer máquina fotográfica, ou outra, a empecilhar-lhe as mãos.


Seus sentidos maduros estavam voltados para o sexo do piano,
o vislumbre que se examina»

maria gabriela llansol, amigo e amiga,
assírio & alvim, Lisboa 2005, p.30

:))

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quarta-feira, maio 7


Imagem e comentário num post
de Modus Vivendi

«Não há diferença —
a borboleta nocturna
que se veio queimar,
e aqui este meu corpo
que o amor veio transformar.»

:)

Isumi Shikibu (974?-1034?), in "O Japão no Feminino
- I - Tanka - Séculos IX a XI" Organização e versão
portuguesa Luísa Freire, Assírio & Alvim,
Lisboa, 2007, p. 40.

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terça-feira, maio 6



«Por onde a razão, como uma brisa,
nos levar, por aí devemos ir.»

Platão

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segunda-feira, maio 5


«Population, when unchecked,
increases in a geometrical ratio.

Subsistence increases only
in an arithmetical ratio.»

A comunicação social compraz-se em aterrorizar os cidadãos com a inevitável crise alimentar, de que são sinais anunciadores a proibição de exportação de arroz pelo Sudeste Asiático, pelo Brasil e outros produtores, a par da especulação nas bolsas de mercadorias em que o preço dos cereais já disparou.

E, no entanto, desde Malthus se conhece a profunda diferença nas tendências de crescimento da população e dos recursos, nenhum governo se pode surpreender pela evolução que se constata.

A China fez no último meio século um esforço decisivo de contenção populacional. A engenharia genética é talvez incontornável para a produção cerealífera. A afectação de terras à produção aos biocombustíveis tem por certo de limitar-se ou mesmo regredir. Porventura, inevitável generalizar o recurso à energia nuclear. (A questão do lixo nuclear não poderia resolver-se expelindo-o para o espaço extra-terrestre!?)

Tudo se pode e deve equacionar. Só pouco inteligente é o pânico imobilista da comunicação social desejosa de vender emoções que elevem os preços da publicidade, obscurecendo as soluções políticas que devem adoptar-se para debelar a crise e viabilizar as nações pelo crescimento sustentado dos recursos.

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domingo, maio 4

Vemos, ouvimos e lemos…

“Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar…”
(Francisco Fanhais)






“Aprende a nadar companheiro.
Aprende a nadar companheiro
Que a maré se vai levantar.”
(Sérgio Godinho)


As pessoas deveriam ser os destinatários de todas as coisas.
Às pessoas deveriam ser dadas condições para que as suas necessidades, básicas e não só, fossem satisfeitas.

O que assistimos hoje, e que mais não é que a sequências de séculos de pseudopreocupações com a segurança e bem-estar dos muitos que são o suporte de tão poucos.
Aparentemente as actuais possibilidades de conhecimento não têm produzido grandes alterações no pensamento e nas atitudes nem de uns, nem de outros.

Aliás, a recente campanha do Banco Alimentar Contra a Fome é reflexo desta perversidade que leva os que mais pobres são, a solidarizarem-se com os que ainda são mais pobres.
E assim, o “Zé Ninguém”, qual estátua decorativa, substitui-se ao Estado no seu papel social. Não que nós, os destinatários destas solidariedades – ora num lado, ora noutro, desta cada vez maior barricada –, nos devamos divorciar do nosso papel de participantes da construção do mundo.
Mas a verdade é que cada vez mais somos nós – seja através da compra de discos, camisolas, bonecos e outros artigos promocionais – que patrocinamos causas sem fim e das quais nunca sabemos os verdadeiros resultados.

A maré que se vai levantar não é mais a maré da paz e da fraternidade. Acreditem que esta maré vai ser a da lei do mais forte e resistente, sobre o fraco e o sensível.
Por mim, cada dia que passa, sinto no peito a angústia e o nascer de um ódio tal, que me desgasto aos poucos.
Isto, dito poeticamente, soaria melhor. Mas não.
Continuo a não querer escrever.

O desrespeito pela Pessoa ultrapassou todos os limites. Já não são só aqueles que nunca conheceram limites, ou sempre acharam que os seus eram bastante alargados.
Hoje, em qualquer lugar, em qualquer momento, podemos ser abalroados por aqueles que, considerando-se donos de um qualquer universo, detentores de um qualquer poder (nem que seja o de ter uma arma na mão), entendem que temos que os servir, servir os seus intentos e motivos.

Um dia destes, a tranquilidade da nossa casa será invadida por gente, pessoas, afinal, que, por já não terem nada, nada temem, nada querem que não seja conquistarem um qualquer espaço onde possam exibir o seu poder.

A verdade é que, ricos e pobres, bonitos s feios, elegantes e disformes, vão acabar por ser engolidos e finalizar da mesma maneira, quatro palmos de terra abaixo dos que respiram.

Não me apetece escrever.
A próxima semana é de outro que, espero, esteja mais optimista do que eu.

Uma boa semana para todos os que por aqui vão passando.

Passagem de testemunho

Depois da semana do ANT (António), segue-se a do vbm (Vasco).
O blog é inteiramente dele, porque está na sua "casa".
Fará dele o que muito bem entender.

Uma boa semana para todos.

Peter

sexta-feira, maio 2

Códigos… e mais códigos…

Na ordem do dia está o código de trabalho.
Matéria delicada para legislar, mais delicada ainda para quem vai ser afectado por ele.
Não vou defender qualquer posição.
Aliás que bem defendidas estão as várias posições sobre esta matéria.
Estive a ver o debate com o painel de políticos que se digladiavam com o Sr. Carvalho da Silva, no programa da RTP cujo nome não me recordo, e continuo a gostar muito de ver a Ana Drago. Ela é das deputadas mais interessantes da política portuguesa… bem… por acaso também simpatizo com algumas opiniões da rapariga e ontem até que esteve inspirada. Digo eu… claro…
A verdade é que nestas matérias laborais, tal como em muitas outras, as pessoas que mais directamente vão viver este ou outro código laboral (chamemos-lhe assim), são pouco ou nada ouvidas ou tidas em conta.
Podem dizer que existem os sindicatos. Contraponho dizendo que os sindicatos, salvo raras excepções, defendem posições não apenas políticas mas, e sobretudo partidárias. Não se
remetem para as ideologias, o que seria aceitável, mas para objectivos eleitorais dos partidos onde se inscrevem.
É por isso que nas organizações, públicas ou privadas, se tomam decisões à margem das necessidades dos seus trabalhadores.
Curiosamente, a organização onde trabalho – que até se inscreve numa ideologia aparentemente
defensora dos direitos e regalias dos trabalhadores –, é das primeiras a adoptar medidas que, para além de se incluírem filosoficamente na margem oposta aos seus princípios, até vai mais longe. Antecipa-se, promove a discórdia, o mal-estar.

Ou seja, as organizações acabem por tomar decisões que prejudicam os seus trabalhadores porque, pura e simplesmente, não os ouvem.
O resultado desta atitude é pessoas infelizes e de baixa produtividade.
Depois, para satisfazerem sobrinhos e afilhados, vão prejudicando indivíduos competentes, colocando-os em funções (ou disfunções), desadequadas às suas capacidades.
Depois inventam projectos megalómanos que acabam por pôr em causa as pessoas, sendo que as pessoas deveriam ser os verdadeiros destinatários das medidas que as organizações, grandes e pequenas, públicas e privadas.
Será difícil seguir o exemplo do Google, mesmo que à dimensão possível?
Eu acho que não.