segunda-feira, junho 30

Mau tempo para pescar

Sábado, como de costume, levantei-me cedo, coloquei os meus agasalhos,
vesti-me silenciosamente, tomei o meu café e até passeei com o cão.
Em seguida, fui até à garagem e engatei o barco de pesca no meu 4x4.
De repente, começou a chover torrencialmente. Havia até neve misturada com
a chuva, ventos a mais de 80 km/h. Liguei o rádio e ouvi que o tempo seria
chuvoso durante todo aquele dia.
Voltei imediatamente para casa, silenciosamente tirei a minha roupa e deslizei
rapidamente para debaixo dos cobertores. Afaguei as costas da minha mulher
suavemente e sussurrei:
"O tempo lá fora está terrível".

Ela, ainda meio adormecida, respondeu:
"Acreditas que o idiota do meu marido foi pescar com este tempo?"

domingo, junho 29



Esta cena você provavelmente nunca terá a oportunidade de ver. Este é o pôr do Sol no Pólo Norte com a lua em seu ponto mais próximo. Você vê também o Sol abaixo da lua. Uma foto surpreendente que não pode ser repetida facilmente. Você pode passa-lá a outras pessoas se quiser. O povo chinês tem um provérbio: Quando alguém partilha com você algo de valor, você tem a obrigação de compartilhar com outras pessoas.

sábado, junho 28

O Mestre e o escorpião

Um Mestre Oriental viu um escorpião que se estava a afogar, decidiu tirá-lo da água mas quando o fez, o escorpião picou-o.
Como reacção à dor, o Mestre soltou-o e o animal caiu à água e de novo estava a afogar-se.
O Mestre tentou tirá-lo outra vez, e novamente o escorpião o picou.

Alguém que tinha observado tudo, aproximou-se do Mestre e disse:
- Perdão, você é teimoso? Não entende que de cada vez que tentar tirá-lo da água ele o picará??!
O Mestre respondeu:
- A natureza do escorpião é picar e isso não muda a minha natureza, que é ajudar.

Então, com a ajuda de um ramo, o Mestre retirou o escorpião da água e salvou-lhe a vida.

quinta-feira, junho 26

Idoso recebe subsídio de um Euro

Um cidadão que requereu o Complemento Solidário para Idosos (CSI) recebeu como resposta que irá passar a receber 1 € por mês, sendo essa quantia entregue quando atingir o valor de 5 €.

Este caso foi denunciado pelo líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, que apresentou o documento do instituto da Segurança Social em que o beneficiário foi notificado dessa decisão, sendo-lhe comunicado que tem 15 dias para apresentar reclamação e 3 meses para recorrer hierarquicamente, ou contenciosamente.

terça-feira, junho 24

Árabes a viver nos USA, ainda querem plantar batatas!!!

Um velho árabe muçulmano iraquiano, a viver há mais de 40 anos nos EUA, quer plantar batatas no seu jardim, mas cavar a terra já é um trabalho demasiado pesado para ele. O seu filho único, Ahmed, está a estudar em França, e o velhote envia-lhe a seguinte mensagem:

Querido Ahmed: Sinto-me mal porque este ano não vou poder plantar batatas no jardim. Já estou demasiado velho para cavar a terra. Se tu estivesses aqui, todos estes problemas desapareceriam. Sei que tu remexerias e prepararias toda a terra.Beijos Papá»

Poucos dias depois, recebe a seguinte mensagem:

«Querido pai: Se fazes favor, não toques na terra desse jardim. Escondi aí umas coisas.Beijos Ahmed»

Na madrugada seguinte, aparecem no local a polícia, agentes do FBI, da CIA, os S.W.A.T., os Rangers, os Marines, Steven Seagal, Silvester Stallone e alguns mais da elite estadunidense, bem como representantes do Pentágono, da Secretaria de Estado, do Mayor, etc. Removem toda a terra do jardim procurando bombas, ou material para as construir, antrax, etc...Não encontram nada e vão-se embora, não sem antes interrogarem o velhote, que não fazia a mínima ideia do que eles buscavam.

Nesse mesmo dia, o velhote recebe outra mensagem:
«Querido pai: Certamente a terra já está pronta para plantar as batatas.Foi o melhor que pude fazer, dadas as circunstâncias.Beijos Ahmed»

domingo, junho 22

o horror económico

Entre Abril e Junho de 1994 foram assassinados no Ruanda mais de 800 mil “tutsis” perante “a terna indiferença do mundo”, como diria Camus. Os EUA e os Europeus fingiam que não viam e a ONU fechava os olhos e assobiava para o ar.
Ninguém sabia onde ficava o Ruanda, sabiam apenas que não tinha diamantes, nem petróleo.
O pretexto (?) teria sido a queda do avião onde seguia o Presidente, de raça “hutu”. Talvez houvesse um Estado ambicionando ver aumentada a sua influência na zona. Talvez ...
Diariamente e durante esses meses os “tutsis” foram perseguidos, caçados e mortos como ratos, pelos seus vizinhos, amigos, companheiros de infância, ou de trabalho, mas com um ponto em comum: eram de raça “hutu”.

O repórter Jean Hatzfeld escreveu “Dans le nu de la vie”, que julgo ter sido editado pela Caminho e que é a narrativa dos sobreviventes “hutu”. Não o li, nem conhecia o livro.
Posteriormente, foi publicado, pelo mesmo autor: “Tempo de catanas” e que é o depoimento do outro lado, dos assassinos “tutsi”.
Calhou a pegar-lhe numa livraria e a ler duas, ou três linhas, aqui e além e larguei-o horrorizado, perante a inconsciência inominável do cometido. É um livro que escorre sangue.
Mandaram-nos matar e eles mataram. Levantavam-se, tomavam um “mata-bicho” (pequeno almoço) forte, à base de espetadas de carne (a fauna selvagem também foi dizimada) e iam para “o seu trabalho” de procurar e matar “tutsis”. À noite regressavam a casa, para junto da mulher e dos filhos.
Presos, esperam que os libertem e não têm a mínima consciência da barbaridade que cometeram.

Este livro fez-me lembrar outro já antigo, que fez a sua época, em sucessivas edições e que julgo ter sido reeditado recentemente numa colecção de bolso: “Escuta, Zé Ninguém!” de Wilhelm Reich, sobre o “nazismo”:

“ ... durante várias décadas, primeiro ingenuamente, mais tarde com espanto, finalmente horrorizado, observou o que o Zé Ninguém da rua “faz a si próprio”; como ele sofre e se revolta, como ele estima os inimigos e assassina os amigos; como ele, onde quer que consiga o Poder como “representante do povo”, abusa desse poder e o transforma em algo de mais cruel que o Poder que ele antes tinha de sofrer às mãos dos sádicos individuos das classes superiores. (...)”

Depois desta longa reflexão e olhando “cá para dentro”, veio-me à lembrança o livro de Viviane Forrester, “L’Horreur Économique”, publicado em França em 1996:

“ É preciso ‘merecer’ viver para se ter direito à vida?” (…) Uma ínfima minoria, já excepcionalmente provida de poderes, de propriedades e de privilégios considerados incontestáveis, assume esse direito por inerência. Quanto ao resto da humanidade, para ‘merecer’ viver, tem de revelar-se ‘útil’ à sociedade, pelo menos ao que a dirige, a domina: a economia confundida como nunca com os negócios, ou seja, a economia de mercado. ‘Útil’ significa quase sempre ‘rendível’, ou proveitosa para o lucro. Numa palavra, ‘empregável’ (‘explorável’ seria de mau gosto!)”

A autora, Viviane Forrester, veio à Gulbenkian em Abril de 1997 (julgo, pois assisti à sua palestra) integrando um Ciclo de Conferencistas de diversos países sobre o “Económico-Social”.

“Descobrimos agora que, para além da exploração dos homens, ainda havia pior e que, perante o facto de já não ser explorável, a multidão de homens considerados supérfluos, cada homem no seio desta multidão pode tremer. Da exploração à exclusão, da exclusão à eliminação …?”

Dez anos se passaram. É possível, é quase certo, que muitos “notáveis” entre nós tenham sido influenciados …

sábado, junho 21

A vingança do automobilista perante a zebra

Segundo a PSP, ocorreram em Lisboa nos primeiros quatro meses deste ano 266 atropelamentos. Se morreu algum foi depois (não conta, não rmorto, é morto-vivo) no hospital. O curioso é que nada menos de 101 destes atropelamentos (38%) tiveram lugar em zebras.
Se a proporção de pessoas que atravessam a rua nas passadeiras fosse de 38%, isso quereria dizer que o risco de atravessar nas zebras foi inferior a essa (como é possível), isso significará que o risco de atravessar nas passadeiras é superior ao de atravessar fora dela.

O que levará um automobilista a atropelar mais facilmente um peão cumpridor que um peão desrespeitador?

quinta-feira, junho 12

Seis décadas de conflito

Comemoram-se agora os 60 anos de Israel. Criado com a benção das Nações Unidas pouco após a II GM não se pode contestar a legitimidade do Estado de Israel, quer no plano do Direito Internacional, quer no plano dos factos políticos. Contudo, nem a soberania nem a defesa do Estado Judaico podem justificar, nem muito menos fazer esquecer, seis décadas de expansionismo territorial e de opressão sobre os palestinianos, expropriados das suas casas, das suas terras, da sua liberdade e do seu direito a construir o seu próprio Estado nas fronteiras internacionalmente reconhecidas.

Tudo piorou a partir da guerra de 1962, na sequência da qual Israel ocupou toda a Palestina, incluindo a faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, situação que tem permanecido até agora, apesar da sua aparente ilegalidade à luz do Direito Internacional ao qual Israel deve a sua legitimidade como Estado.
Além de violar repetidamente as suas obrigações como "potência ocupante", Israel tem procedido a um extenso programa de colonização judaica dos territórios ocupados, em especial da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, culminando o desprezo pelo Direito Internacional com a incorporação oficial de Jerusalém no seu território e com a construção de um muro bem dentro dos territórios ocupados, separando as áreas colonizadas do demais território da Cisjordânia. Apesar de condenado pelo Tribunal Internacional de Justiça, Israel ignorou o veredicto com toda a displicência e arrogância.

Não podendo estar em causa a soberania de Israel, a solução para o conflito israelo-palestiniano só pode consistir na coexistência de dois Estados, criando um Estado palestiniano nos territórios ocupados, na base da Autoridade Nacional Palestiniana.
A verdade, porém, é que existe uma enorme desigualdade de armas nesta contenda. Sem ter a força da razão, Israel não hesita em recorrer à razão da força.. tendo a seu favor o direito da ocupação e o direito à soberania sobre as suas próprias terras, os palestinianos não têm nenhuns meios de fazer valer esses direitos.
É por isso que é especialmente censurável a má fé negocial de Israel e a parcialidade pró-israelita das grandes potências, especialmente USA e UE. Quanto a Israel, embora declare estar disponível para aceitar um Estado palestiniano, faz tudo descaradamente para inviabilizar um tal Estado, através da contínua colonização de mais territórios ocupados. Sem falar na construção do muro de divisão da Cisjordânia. Do lado das grandes potências, embora apadrinhem a solução dos dois Estados, adoptam uma flagrante política de dois pesos e duas medidas, uma de apoio incondicional a Israel no campo polítcio e material e outra de sistemática complacência com a opressão nos territórios ocupados e com a inviabilização prática de qualquer Estado palestiniano.

A experiência internacional, mesmo na região, mostra como é possível encontrar soluções suficientemente fiáveis para tranquilizar Telavive, como a interposição de uma zona–tampão como sucede actualmente na fronteira israelo-libaneza./Os USA e a UE dariam bem melhor emprego ao dinheiro dos seus contribuintesna manutenção de uma tal força de paz e no fim do conflito, do que no sustento directo e indirecto da interminável, e opressiva, ocpação israelita.

terça-feira, junho 10


Este amor será
real ou um sonho apenas?
Como hei-de sabê-lo,
se a realidade e o sonho
existem sem existir?

Ono No Komachi (834?-?),
in "O Japão no Feminino I - Tanka - Séculos ix a xi",
organização e versão portuguesa Luísa Freira,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2007

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domingo, junho 8


Ernst Ludwig Kirchner (1912-13)

Aqui despi meu vestido de exílio
E sacudi de meus passos a poeira do desencontro

Sophia

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quarta-feira, junho 4


Tamara de Lempicka

«Sim, diz-me a mulher, pousando as mãos nos meus joelhos. Desejo encontar alguém
que
me ame com bondade e que seja um homem.

Alguém que queira ressuscitar para ti?
Sim, alguém que tenha para comigo essa memória.»


maria gabriela llansol, amigo e amiga,
Assírio & Alvim, Lisboa, 2006, p.240

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