domingo, agosto 31

Como é que "isto" há-de ter conserto?

"O senhor rei D. Afonso Henriques, aquele que reinou porque D. Egas Moniz o botou na reinação, chamou D. Lourenço Viegas, e, muito cenhoso, falou:

- Este reino acha-se pouco grado por sofrer de definhamento crónico. O povo inteiro vive na indigência e, à socapa, acusa-me de não usar boas artes de governo."

("O segredo de D.Afonso Henriques", Jorge Laiginhas, Ed. Flamingo, 2007, p 75)

Ora, ora, passou-se no século XII o país estava a nascer e todos sabem que os nascituros nascem nus. O pior é se continuam assim, ou quase ...

“Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”

(Eça de Queiroz, 1867 in “O distrito de Évora”)

Ora, ora, isso foi há 140 anos!

Leiam os jornais, ou vejam TV se chegarem a casa antes do noticiário e não forem vítimas de algum “carjacking”.

Por mim, leio os jornais de distribuição gratuita e por eles vejo, mas não compreendo, como chegámos ao que chegámos.
Mas enquanto tivermos dinheiro para a gasolina e no-lo emprestarem para pagarmos as prestações da casa, do carro, dos “plasmas”, das viagens às Malvinas, tudo bem.
Sim, porque o resto são luxos perfeitamente dispensáveis.

sábado, agosto 30



Uma colectânea de contos quase todos ilustrativos
de um efeito-borboleta na vida social
de cada mónada individual... :)

No final, esculpe 38 miniaturas
de fino espírito e humor.

Eis algumas,

Tacto — B ainda espera toques que não sejam de telemóvel.
O que está no meio não interessa — Era uma vez e foram felizes para sempre.
Instituto de socorros a náufragos — As miúdas giras iam saindo da água
— ilesas, magníficas, botticellianas — enquanto ele ficava a tarde inteira
junto à bandeira verde, fazendo respiração boca a boca
a septuagenárias e homens de bigode.

LOL

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sexta-feira, agosto 29

INSEGURANÇA

“(…). Se a criminalidade existe hoje, entre nós, com a intensidade com que ela se manifesta, é devido à (também ela criminosa) displicência com que o fenómeno tem vindo a ser tratado. É porque os brandos costumes são o caldo de cultura de eleição da criminalidade. É porque o sistema prisional está cada vez mais parecido com uma cadeia de hotéis de auto-estrada. É porque qualquer criminoso sabe que pouco tempo ficará nas prisões. É porque homicidas, violadores e criminosos em geral sabem que muito provavelmente encontrarão no seu caminho uma boa alma que os mandará para casa em paz a aguardar julgamento. É também, porque, quando raramente as polícias actuam com firmeza, logo outras alminhas muito piedosas se insurgem contra a sua suposta brutalidade. É porque alguns criminosos vivem mais comodamente nas prisões do que nas suas próprias casas. É porque as prisões custam dinheiro e os presos idem aspas.
E dinheiro só para TGV.”

(in “O calcanhar de Aquiles”, João Marques dos Santos, advogado, jornal Correio da Manhã, 29 AGO 08).

quarta-feira, agosto 27

Como conseguiste sobreviver?

Cresceste durante os anos 40, 50, 60, 70, 80? Como pudeste sobreviver?
Os carros não tinham cintos de segurança, apoios de cabeça nem air-bag! No banco de trás nós fazíamos uma farra! E isso não era perigoso! ...As camas de grades e os brinquedos eram multicolores e no mínimo pintados com umas lacas duvidosas, contendo chumbo ou outro veneno qualquer. Não havia fechos de segurança nas portas dos carros, correntes, medicamentos ou outros detergentes químicos domésticos. Andávamos de bicicleta sem capacete. Bebíamos água da torneira ou de uma mangueira e não águas minerais em garrafas esterilizadas.... Construíamos escorregas com caixotes de sabão e aqueles que tinham a sorte de morar perto de uma rua asfaltada, podiam tentar bater recordes de velocidade e até verificar a meio do caminho que tinham economizado os travões.. Alguns acidentes depois... Todos esses problemas estavam resolvidos! .....

Íamos brincar para a rua com a única condição de voltar para casa ao anoitecer. Não havia telemóveis... E ninguém sabia onde estávamos! Incrível!! ......
Tínhamos aulas só de manhã e íamos almoçar a casa.....
Canadianas, dentes partidos! Ninguém se queixava disso.
Todos tinham razão, menos nós.
Comíamos doces, pão com manteiga, bebidas e açúcar, não se falava de obesidade - brincávamos sempre na rua e éramos activos ... Dividíamos uma laranjada golo a golo e nunca ninguém morreu por isso ....

Nada de Playstations, Nintendo 64, X boxes, jogos de Vídeo , Dolby surround, Telemóvel, Computador, Chats na Internet ... Só amigos. Jogávamos ao espeta, à macaca, ao pião, ao guelas. A pé ou de bicicleta, íamos a casa dos amigos, mesmo que morassem a kms de nossa casa, entravamos sem bater e íamos brincar. É verdade! Lá fora, nesse mundo cinzento e sem segurança! Como era possível? Jogávamos futebol com uma só baliza e mesmo que não fossemos seleccionados ... nem era frustração, nem era o fim do mundo.
Havia alunos que estudavam e outros não. Uns passavam e outros reprovavam. Ninguém ia a correr a um psicólogo ou psicoterapeuta. Não havia a moda dos superdotados, nem se falava de dislexia, problemas de concentração, hiperactividade. Quem reprovava repetia simplesmente o ano, e cada um tinha uma nova hipótese…

Tínhamos: liberdades, insucessos, sucessos, deveres...e aprendíamos a lidar com cada um deles.

A única verdadeira questão é: como conseguimos nós sobreviver?
E acima de tudo, como conseguimos desenvolver a nossa personalidade?
Se calhar vão responder que era uma chatice, mas ... como éramos felizes!!!!!! Vale a pena pensar nisto.

(autor desconhecido)

terça-feira, agosto 26

Cosmologia Relativista

"A gravitação é a interacção fundamental na descrição do Universo. Só as forças gravíticas e electromagnéticas têm um longo alcance e podem actuar a grandes distâncias. Como a matéria cósmica é electricamente neutra em média, a força electromagnética não parece desempenhar nenhum papel relevante a uma larga escala, pelo que ficamos reduzidos à gravidade como a única força motora capaz de descrever a evolução do Universo.

As leis da gravidade foram descritas por Albert Einstein em 1915, na sua Teoria da Relatividade Geral. Esta teoria contém a teoria da gravitação de Newton como um caso especial para os campos fracos e a pequenas escalas. Dados os sucessos da gravidade de Newton na descrição das órbitas dos planetas é tentador averiguar a sua capacidade para construir um modelo cosmológico. A cosmologia newtoniana é efectivamente capaz de descrever correctamente muitos aspectos da cosmologia relativista.
Há aspectos da cosmologia relativista que não podem ser devidamente interpretados, e mesmo compreendidos, sem o recurso à teoria da relatividade. Por outro lado, a Relatividade Geral(RG) modifica o modelo newtoniano em vários aspectos entre os quais saliento os seguintes:

* Sabemos da teoria da Relatividade Restrita que a massa e a energia são equivalentes, de acordo com a relação de Einstein: E=mc2. Como consequência, não é só a densidade de matéria que contribui para as equações de movimento. Por exemplo, o campo de radiação cósmica de fundo tem uma densidade de energia que também entra nas equações da expansão do Universo. Este campo de radiação pode ser caracterizado como um fluido com pressão. E a pressão entra explicitamente nas equações que descrevem a expansão.
* A explicação da expansão no quadro da RG é completamente diferente: A expansão do universo é a expansão do espaço, sem que isso implique um movimento real dos aglomerados de galáxias. É um simples aumento de escala, que acarreta uma recessão das galáxias. Isto significa que as galáxias conservam as suas coordenadas fixas durante a expansão (diz-se que são co-móveis), embora a distância entre elas esteja a crescer.

Aspectos a clarificar:

- Haverá velocidades de recessão superiores à velocidade da luz? Será possível observar uma galáxia que se afasta de nós a uma velocidade superior à da luz? Como medir as dimensões do Universo e avaliar a sua idade?”

Prof. Paulo Crawford (Subdirector do OAL e Director da Biblioteca da FCUL)

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segunda-feira, agosto 25

Da Política - Frases do meu arquivo:

“Em certas situações, a política do Governo do PS consiste em varrer o lixo para debaixo do tapete sem se incomodar muito com o facto de, mais tarde ou mais cedo, alguém ter de o tirar de lá. Nem que seja um outro Governo do Ps.”
(Fernando Madrinha, “Expresso”, 30-12-99)

“Na melhor das hipóteses, o país ainda é hoje um resultado do que foi o salazarismo. Na pior das hipóteses, o salazarismo foi o regime que melhor correspondeu a um país sorna, que preza, acima de tudo, a ordem e que gosta de viver habitualmente a sua pequena vidinha.”
(Constança Cunha e Sá, “Diário Económico”, 31-12-99)

“Mas o que é um Estado que não consegue garantir a Saúde aos doentes, que não consegue cobrar impostos e que não consegue administrar a justiça? É um Estado falido. Como escreveu Cesare Pavese, está morto e não sabe.”
(Miguel Sousa Tavares, Público, 2000-01-07)

“A morosidade da justiça é um sintoma menor da cultura de impunidade instalada no País.”
(Boaventura Sousa Santos, revista VISÃO nº 359, 27 JAN – 02 FEV 2000)

“a actividade política identifica-se cada vez mais, com uma representação de interesses do que com uma expressão de opiniões”
(Marc Abélès, antropólogo)

sexta-feira, agosto 22

Momento Fluídico

Já há muito tempo que não publico poesia aqui neste espaço, normalmente faço-o no meu blog http://oblogdopeter.blogspot.com/
Acontece ter descoberto no Google um tema com poesia de portugueses, poesia publicada em livros, que tem uma característica comum: os seus autores vivem no estrangeiro.
Como entre os leitores que nos visitam há muitos que dão preferência à poesia, transcrevi o “Momento Fluídico” que achei interessante:

Já não há fadas, nem náiades
Por ribeiras da minha terra
Lá só vivem sim as saudades
De outros tempos, outra era

Meios dias e meias tardes
Canta a água tagarela
Passa, vem de que lugares?
--Fresca do alto da serra

Se reflecte o mundo nela
A água que passa, se leva
Sem cessar, feita em espelho

Vai descendo, deslizando
Eternamente passando
Causa e efeito de si mesmo

(Silvério Gabriel de Melo. Vogelbach, Alemanha)

quarta-feira, agosto 20

Portugal visto de Espanha. AS VERDADES OCULTAS EM PORTUGAL·

LISBOA, 21 sep (IPS) - Indicadores económicos y sociales periódicamente divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986 el 'club de los ricos' del continente.

Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal se distanciará aún más de los países avanzados.

La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30 países industriales.

A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del 'grupo de los pobres' de la UE), Portugal no supo aprovechar para su desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde Bruselas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos y económicos.

En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad Económica Europea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del bloque.

'La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en los ingresos por persona', afirma la organización.

En el sector privado, 'los bienes de capital no siempre se utilizan o se ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas', afirma la OCDE.

'La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembros de Europa central y oriental', señala el documento.

Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos.

Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto, pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los servicios.

Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación profesional competitivas con el resto de los países industrializados.

En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas hoy indican mayor distancia.

Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera de quienes ya tenían más.

Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.

También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas tienen los sueldos más altos.

El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que 'el mercado decide los salarios'. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas (1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. 'Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado', dijo.

En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con accionistas minoritarios privados, 'los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia', explicó Cravinho.

Estos mismos grandes accionistas, 'son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos', lamentó el ex ministro.

La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años 'está siendo pagada por las clases menos favorecidas', dijo.

Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados. El último es el de la crisis del sector automotriz.

Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000 dólares.

Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento en la demanda. Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla.

Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, tiene más autos Ferrari por metro cuadrado que Italia.

Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos 'están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo'.

Para muchos 'es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono celular, que la eficiencia de su gestión', dijo Felipe, aclarando que hay excepciones.

Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país', opinó.

La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la población económicamente activa.

Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones 'obscenas' y 'escandalosas', según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello.

'En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro', criticó Metello.

La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los lamados profesionales liberales.

Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararon ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólares), los arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).

Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, 'le roban nueve a la comunidad', pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros.

Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos 'roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo', comentó con sarcasmo.

Si un país 'permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad', sentenció.

terça-feira, agosto 19

A representação portuguesa nos Jogos Olímpicos

O comportamento vergonhoso da nossa representação deveria ser objecto de averiguações pois não é impunemente que se investe imenso dinheiro (que não temos) em atletas que não estão à altura de competir, ou que não dão o seu melhor, desculpando-se com argumentos inadmissíveis como foi o caso do lançador de peso, que justificou o seu mau resultado por a prova se ter realizado demasiado cedo (e ele estar habituado a levantar-se tarde…), ou, segundo Vanessa Fernandes, o do nadador Tiago Venâncio, penúltimo classificado porque, e cito VF : “podia ser um grande atleta, mas não há uma estrutura fixa nestes sectores, é tudo à balda”. Tratando-se de um caso de talento como parece ser, seria de se saber porque não apresenta resultados. O problema é a sua falta de ambição ou a estrutura que não está à altura de o preparar adequadamente?

Falta de ambição, alguns atletas foram para viajar e ver os jogos, sem espírito de luta e sem ambição. VF ressalva os nomes de Naíde Gomes e Nélson Évora, “pelo trabalho e procura dos limites” e eu saliento o nosso comportamento no remo, na vela e no ténis de mesa.As fanfarras governamentais trombetearam a nossa grande e valiosa representação, capaz de trazer várias medalhas olímpicas e aí temos.

domingo, agosto 17

Ciência e sociedade

A ciência baseia-se em factos, em dados objectivos que podem medir-se e comprovar-se.
A opinião que a sociedade tem dos avanços científicos é, às vezes, altamente influenciada por crenças morais e religiosas e por ideologias políticas. Por isso, em certas ocasiões, surgem conflitos entre ciência e sociedade, normalmente devidos a uma falta de comunicação, acirrados por interesses gregários, confessionais ou partidários, em qualquer caso, estranhos à natureza do debate e ao sentir maioritário da sociedade.

Na medida em que faz parte da sociedade, a ciência trata de resolver os problemas que a afectam, e é importante separar com cuidado os factos objectivos relacionados com um tema científico, dos interesses meramente ideológicos.
Indiscutível é que os avanços científicos dos últimos dois séculos tiveram como consequência um avanço espectacular. Mas o medo tem sempre acompanhado a evolução da humanidade.

Olhando para a Grécia Antiga, o que se desenvolveu foi principalmente a Matemática e a Filosofia, além de alguma Física, (só Física aplicada) desde que não perturbasse muito…
A curiosidade do Homem foi sempre vista com alguma suspeita. Veja-se o que sucedeu a Prometeu, segundo a Mitologia:
- vai roubar o fogo dos deuses para dar ao Homem e acaba castigado.
Ou repare-se na história de Dédalo e de Ícaro, pai e filho. Ícaro quis voar mais alto, a cera derreteu-se e ele caiu. O pai voou mais baixo e conseguiu chegar ao outro lado.
Segundo a Bíblia, Adão e Eva são expulsos do Paraíso porque Eva comeu do fruto da sabedoria, quis saber mais.

A metáfora é que podemos querer fazer coisas, mas não devemos ser arrogantes, ir além daquilo que não perturbe os hábitos e crenças adquiridos.

sexta-feira, agosto 15

A criação da Terra, segundo os Gregos


“Muito, muito antes de os deuses aparecerem, num passado obscuro, há eras incontáveis, existia apenas a disforme confusão do Caos, mergulhado na escuridão de breu. Por fim (o como ainda nunca ninguém conseguiu explicar verdadeiramente) nasceram duas crianças desse nada informe. A noite era filha do Caos, tal como Érebo, a profundidade impenetrável onde a morte habita. Em todo o Universo não existia mais nada, tudo era escuro, vazio, silencioso, infinito.
E depois foi a maravilha das maravilhas. De modo misterioso, vago, desse horroroso vazio ilimitado e inexpressivo surgiu aquilo que de melhor e de mais belo a vida tem. Um grande dramaturgo, o poeta cómico Aristófanes, faz a seguinte descrição, citada frequentemente:

... A noite de asas de breu,
no regaço do profundo e negro Érebo
depôs um ovo trazido pelo vento e, com a sucessão das
[estações,
brotou o Amor, o desejado, cintilante, com asas de oiro

Da escuridão e da morte nasceu o Amor, e com ele a ordem e a beleza, que começaram a abolir a confusão cega. O Amor deu origem à Luz e ao seu companheiro, o Dia radioso.

Seguiu-se então, a criação da Terra, mas esse fenómeno também nunca ninguém conseguiu explicar. Aconteceu muito pura e simplesmente. É tudo. Com o aparecimento do Amor e da Luz, era natural que a Terra também surgisse. O poeta Hesíodo, o primeiro grego que tentou interpretar as origens, escreveu:

A Terra, a bela, ergueu-se,
de regaço vasto, ela que é a firme base
de todas as coisas. E da bela Terra brotou
o Céu estrelado, igual a si mesmo,
para a cobrir totalmente e para ser
a morada eterna dos bem-aventurados deuses.”


(Edith Hamilton, “A Mitologia” )

terça-feira, agosto 12

O presente dia

São 06h00. Está aí o presente dia, que é o "presente" que Deus nos dá. Ele será o que nós fizermos dele.
Fui à casa de banho dar-me os bons dias, olhando-me no espelho e sorrindo para a minha imagem. Ultimamente falo muito comigo mesmo, são conversas íntimas, banais, com a minha consciência. Recuperei a tranquilidade e a paz de espírito.
Voltei a deitar-me, vendo a claridade difusa do dia nascente invadindo o nosso quarto, enquanto a minha mulher dorme tranquilamente a meu lado. É bom tê-la comigo.
Reparei agora que comecei a escrever do fim para o princípio do caderno e com este ao contrário. Não é azar, este não existe, é apenas uma das possibilidades do que pode acontecer. Este facto fez-me lembrar um romance, de ficção "O pecado de Darwin", de John Darnton, em que o diário secreto da filha foi descoberto escrito em livros de contabilidade, nas últimas páginas.
O que levou Darwin a formular a teoria da evolução?
Porque demorou vinte e dois anos a escrever "A Origem das Espécies" ?
Que misteriosa doença o debilitou durante tantos anos?
Este romance intrigante revela-nos que ninguém, hoje em dia, conhece a verdade que rodeia a vida de qualquer pessoa.

Lembrei-me agora do meu astrofísico preferido, Hubert Reeves. O seu livro "aves, maravilhosas aves - os diálogos do céu e da vida" é excepcional:

"O mais extraordinário aos olhos da Física contemporânea não é tanto que, por "razões químicas" a vida tenha aparecido na Terra, mas mais que ela "tenha podido aparecer na Terra (ou noutro sítio). É o facto de os electrões e quarks da "papa inicial", de há 15.000 milhões de anos, terem tido as propriedades necessárias para se poderem associar em proteínas e em cadeias de nucleótidos. É o facto de haver "razões químicas" capazes de dar origem à vida e de lhe permitir continuar a desenvolver-se," (pág 233)

E porque existem essas "razões químicas"?

Já Aristóteles escrevera:

" na Natureza, está em acção uma espécie de capacidade técnica orientada que trabalha a matéria a partir de dentro. A forma apodera-se da matéria, doma a indeterminação."

domingo, agosto 10


Kunishiro Mitsutani, imagem in Modus Vivendi

Não posso dizer
das duas qual é qual
em seu esplendor:
a ameixeira florida ou
a lua da Primavera.

Isumi Shikibu (974?-1034?)

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quarta-feira, agosto 6

Átomos de espaço e tempo

Há pouco mais de 100 anos, a maioria das pessoas – inclusive muitos cientistas – pensava que a matéria fosse contínua.
No entanto, desde a Grécia antiga, já havia especulações de que se a matéria fosse fragmentada em pedacinhos suficientemente pequenos, ela deveria ser constituída por partículas minúsculas, os átomos. Poucos achavam que a existência dos átomos seria um dia provada. Hoje já conseguimos obter imagens de átomos individuais e já estudamos as sub-partículas que os compõem.
Nas décadas mais recentes, físicos e matemáticos têm-se questionado “se o espaço também não seria formado por partículas ínfimas”. O espaço é contínuo, ou parece-se mais com um “pedaço de tecido formado por fios separados”?
E o “tempo”: a Natureza muda continuamente, ou o Universo evolui através de uma série de “degraus minúsculos”, comportando-se de forma semelhante a um computador digital?

Combinando os princípios fundamentais da Mecânica Quântica e da Relatividade Geral, Lee Smolin e outros físicos (entre eles alguns portugueses: João Magueijo, João Medeiros e Paulo Pires-Pacheco) trabalhando em Inglaterra, nos EUA e em França, acabaram criando a “Teoria da gravidade quântica em loop”. Esta teoria considera que o “espaço” surge em pequeníssimos volumes, o menor dos quais é um comprimento de Planck cúbico (10^-99 cm3). O “tempo” não flui como um rio, mas como o tique-taque de um relógio, cujos “tiques” têm valores próximos do intervalo de Planck, ou seja, 10^-43 segundos.

(Lee Smolin, “Átomos de espaço e tempo”, in Scientific American, Fev 2004)

O lento processo de recuperação não me tem possibilitado publicar artigos, daí eu publicar este texto já com uns anos. Aliás também e pelo mesmo motivo, não tenho visitado os blogs amigos. As minhas desculpas.

sábado, agosto 2


«Não é o que devia ser.
Tudo aquilo que tu viveste e vives,
é tudo mentira, engano que esconde
de ti a vida e a morte.»
(p.107)

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