segunda-feira, janeiro 27

Coadopção: Marinho Pinto ARRASA lobby Gay




"O que se está a passar em Portugal com o debate sobre a coadopção revela a anomia cívica da nossa sociedade e, sobretudo, a degradação a que chegou o nosso regime democrático.

Um setor ultraminoritário da sociedade, que age como uma seita, impõe arrogantemente as suas certezas e insulta e escarnece dos que exprimem opiniões diferentes.

O fanatismo heterofóbico dos seus prosélitos leva-os a apelidar de "ignorantes", "trogloditas" ou "homens das cavernas" todos os que ousam pôr em causa as suas certezas.

O que se viu no programa Prós e Contras da RTP, na semana passada, foi a atuação de um grupo bem organizado de pessoas lideradas por um fanático que, no intervalo do programa, subiu ao palco e se dirigiu a mim para me dizer que eu estava a usar no debate os mesmos métodos que os nazis tinham usado contra os judeus (!!!).

Esse delírio injurioso foi depois retomado em alguns órgãos de comunicação social, blogues e redes sociais, por outras pessoas imbuídas do mesmo fanatismo e da mesma desonestidade intelectual.

Já, em tempos, uma das próceres da seita, a dra. Isabel Moreira, me chamara PIDE, para assim "vingar" a atual ministra da Justiça das críticas certeiras que eu lhe dirigia.


Afinal, parece que é nazi dizer que o movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) atua como um lobby que influencia os centros de decisão política devido à preponderância que muitos dos seus elementos têm no Governo, no Parlamento, na Comunicação Social, nas empresas e nos partidos políticos.
Sublinhe-se que os partidos de Esquerda aprovaram a lei sobre a coadopção exatamente no momento em que o povo mais preocupado (distraído) está com a austeridade que lhe é imposta pelo Governo e pelo presidente da República.

Foi, portanto, assim, à sorrelfa, com a ajuda cirúrgica da Direita, que se aprovou uma lei que ofende a consciência da esmagadora maioria da população.

O que se viu naquele programa da RTP foram exercícios de manipulação, de intolerância e de vitimização por parte dos defensores dessa lei e quem manifestou opiniões contrárias foi sumariamente apelidado de "ignorante" ou então brindado com estridentes risadas de escárnio.

Eu próprio fui, no final do programa, veementemente apelidado de ignorante pelo líder da seita e por algumas histéricas seguidoras que o rodeavam.

O casal de lésbicas que ali foi exibir triunfantemente a gravidez de uma delas e proclamar o seu orgulho por a futura criança ser órfão de pai é bem o exemplo da heterofobia que domina a seita.

Que direito tem uma mulher de gerar, deliberadamente, por fanatismo heterofóbico, uma criança duplamente órfã de pai (sem pai e sem nunca poderem vir a saber sequer a identidade dele)?

Com que fundamento o Estado se prepara para entregar a essas pessoas crianças que, por tragédias familiares, perderam os seus verdadeiros pais?

É para que sejam destruídas (ou impedidas de nascer), no imaginário dessas crianças, todas as representações que elas têm (ou possam fazer) do pai ou da mãe que perderam?

Esse fanatismo mostra bem o que essas pessoas são capazes de fazer em matéria de manipulação genética com fins reprodutivos
- como, aliás, uma das lésbicas deixou subtilmente anunciado no Prós e Contras.


Mas isso será mais tarde.

Para já o que importa é garantir que, em nome da felicidade onanística de alguns adultos, se possam entregar crianças a "casais" em que o lugar e o papel da mãe são desempenhados por um homem e os do pai por uma mulher.

Seguidamente, para não discriminar os gays e as lésbicas, substituir-se-ão nos documentos oficiais as palavras "mãe" e "pai" pelo termo "progenitores", tal como já se substituíram as palavras "paternidade" e "maternidade" pela neutra "parentalidade".

E quando estiver concluído o processo de "engenharia social" em curso, então passar-se-á à engenharia reprodutiva com vista a permitir que duas mulheres possam gerar filhos sem o repugnante contributo de um homem ou então que dois homens o possam fazer também sem a horrorosa participação de uma mulher.

Estarão, então, finalmente, corrigidos dois "erros grosseiros" da evolução: o de ter dividido os seres humanos em dois géneros e o de exigir o contributo de ambos para a fecundação e para a criação dos seus filhos."



Coadopção
Por Marinho e Pinto


domingo, janeiro 26

O "Livro da Virtuosa Bemfeitoria"

Carta do Inf. D. Pedro a D. Duarte [1426]-Uma Carta do Inf. D. Pedro

a D. Duarte [1426]-Um documento revelador



Carta enviada de Bruges, pelo Infante D. Pedro a D. Duarte, em 1426,

resumo feito por Robert Ricard e constante do seu estudo «L’Infant D.

Pedro de Portugal et "O Livro da Virtuosa Bemfeitoria"», in Bulletin

des Études Portugaises, do Institut Français au Portugal, Nova série,

tomo XVII, 1953, pp. 10-11).



«O governo do Estado deve basear-se nas quatro virtudes cardeais e,

sob esse ponto de vista, a situação de Portugal não é satisfatória. A

força reside em parte na população; é pois preciso evitar o

despovoamento, diminuindo os tributos que pesam sobre o povo.

Impõem-se medidas que travem a diminuição do número de cavalos e de armas.

É preciso assegurar um salário fixo e decente aos coudéis, a fim de se

evitarem os abusos que eles cometem para assegurar a sua subsistência.

É necessário igualmente diminuir o número de dias de trabalho gratuito

que o povo tem de assegurar, e agir de tal forma que o reino se

abasteça suficientemente de víveres e de armas; uma viagem de

inspeção, atenta a estes aspetos, deveria na realidade fazer-se de

dois em dois anos. A justiça só parece reinar em Portugal no coração do Rei [D. João I] e

de D. Duarte; e dá ideia que de lá não sai, porque se assim não fosse

aqueles que têm por encargo administrá-la comportar-se-iam mais

honestamente. A justiça deve dar a cada qual aquilo que lhe é devido,

e dar-lho sem delonga. É principalmente deste último ponto de vista

que as coisas deixam a desejar: o grande mal está na lentidão da

justiça. Quanto à temperança, devemos confiar sobretudo na ação do

clero, mas ele [o Infante D. Pedro] tem a impressão de que a situação

em Portugal é melhor do que a dos países estrangeiros que visitou.

Enfim, um dos erros que lesam a prudência é o número exagerado das

pessoas que fazem parte da casa do Rei e da dos príncipes. De onde

decorrem as despesas exageradas que recaem sobre o povo, sob a forma

de impostos e de requisições de animais. Acresce que toda a gente

ambiciona viver na Corte, sem outra forma de ofício.»



Quase 600 anos depois nada parece ter mudado…

quarta-feira, janeiro 1

Poema aos homens constipados


Pachos na testa, terço na mão,

Uma botija, chá de limão,

Zaragatoas, vinho com mel,

Três aspirinas, creme na pele

Grito de medo, chamo a mulher.

Ai Lurdes que vou morrer.

Mede-me a febre, olha-me a goela,

Cala os miúdos, fecha a janela,

Não quero canja, nem a salada,

Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.

Se tu sonhasses como me sinto,

Já vejo a morte nunca te minto,

Já vejo o inferno, chamas, diabos,

Anjos estranhos, cornos e rabos,

Vejo demónios nas suas danças

Tigres sem listras, bodes sem tranças

Choros de coruja, risos de grilo

Ai Lurdes, Lurdes fica comigo

Não é o pingo de uma torneira,

Põe-me a Santinha à cabeceira,

Compõe-me a colcha,

Fala ao prior,

Pousa o Jesus no cobertor.

Chama o Doutor, passa a chamada,

Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.

Faz-me tisana e pão de ló,

Não te levantes que fico só,

Aqui sozinho a apodrecer,

Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

António Lobo Antunes - (Sátira aos HOMENS quando estão com gripe)

(Obg "Amita", bom 2014)